Além de levar dois veículos do empresário Eike Batista para a garagem da sua casa, o juiz Flávio Roberto de Souza, titular da 3ª Vara Federal Criminal, responsável pelas ações criminais contra o empresário, também teria encaminhado para o seu endereço o piano apreendido que estava entre os bens apreendidos como garantia da dívidas do ex-bilionário.
A acusação foi feita pelo advogado Sergio Bermudes, que representa o empresário. Em entrevista ao Estado, o juiz Flávio Roberto de Souza disse que levou os veículos para a garagem do seu prédio por falta de vagas em boas condições no pátio da Justiça Federal e no depósito da Polícia Federal. O piano foi apreendido judicialmente, mas pela dificuldade de transporte a justiça decidiu inicialmente deixar o instrumento na casa do empresário, que ficaria designado como 'fiel depositário', impedido de vendê-lo.
Posteriormente o juiz disse ter encontrado uma pessoa de confiança que mora em seu condomínio para desempenhar o papel de cuidar do piano até o dia do leilão. A atual mulher de Eike, Flávia Sampaio, postou a foto do piano com um comentário irônico no Instagram: "Sera pelo mesmo zelo que quiseram tanto tirar um piano de casa (foram 3 x na casa para montar a engenharia de retirada) e levar para.., o mesmo endereço onde estão os carros??! #equipezelosa #agradecimento #quantoamor".
Flavia já havia usado a mesma ironia no Twitter para comentar o uso dos carros do empresário pelo juiz: “Obrigada excelência por tanto apreço!! #agradecimento #juizpreocupado #zeloso #quantoamor”. O juiz foi flagrado pela reportagem do Estadão dirigindo o carro no centro do Rio, próximo à sede do Tribunal Regional Federal. A Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão no último dia 6 na casa de Eike Batista, no Jardim Botânico, zona sul do Rio, após um pedido da Justiça de bloqueio de R$ 3 bilhões do empresário e seus familiares.
A lista de bens retidos inclui seis carros, 16 relógios, um piano, uma escultura e R$ 127 mil em espécie (R$ 37 mil em moedas estrangeiras). A intenção era garantir o pagamento de indenizações e multas, no caso de condenação do empresário por crimes contra o mercado financeiro. Apesar de garantir que o procedimento com os veículos foi regular, o juiz será alvo de uma sindicância. O processo foi instaurado pela Corregedoria Regional da Justiça Federal da 2ª Região e vai investigar a conduta do juiz.