Após tumulto e muito bate-boca em plenário sobre o modelo de votação, voto a mais na urna e a desistência do senador Renan Calheiros (MDB-AL), o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) venceu a eleição para assumir a presidência do Senado neste sábado (2).
Aliado do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), Alcolumbre assumirá o comando da Casa pela primeira vez.
O senador foi eleito com 42 de um total de 77 votos -- os senadores Jader Barbalho (MDB-PA), Eduardo Braga (MDB-AM), Renan Calheiros (MDB-AL) e Maria do Carmo (DEM-SE) não votaram.
Alcolumbre afirmou em seu primeiro discurso que pretende acabar com o voto secreto nas votações que presidirá daqui para a frente.
"No que depender de mim, essa será a última sessão do segredismo, essa foi a última vez que o voto foi secreto nessa Casa", afirmou Alcolumbre ao assumir a presidência do Senado neste sábado (2). "Só com transparência vamos recuperar a imagem e importância do Senado", disse.
Alcolumbre venceu a disputa contra os senadores:
Espiridão Amin (PP-SC) - 13 votos
Angelo Coronel (PSD-BA) - 8 votos,
Reguffe (Sem partido-DF) - 6 votos
Renan Calheiros (MDB-AL) - 5 votos
Fernando Collor (Pros-AL) - 3 votos
A votação foi com voto secreto, registrado em cédulas, após decisão do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli. Mas alguns senadores anunciaram a escolha enquanto depositavam as cédulas nas urnas.
Amin ficou em segundo lugar com 13 votos. Coronel conseguiu oito votos, Reguffe ficou com seis e Collor, com três votos. Renan, apesar de não estar mais concorrendo, foi votado por cinco colegas.
Principal adversário de Alcolumbre na disputa, Calheiros desistiu da presidência em meio à segunda votação para a escolha do presidente da Casa. A primeira foi cancelada porque alguém depositou mais de uma cédula na urna.
Renan reclamou do fato de alguns senadores terem declarado em quem estava votando -- o STF havia determinado votação secreta.
Ele afirmou que "esse processo não é democrático". "Então, para demonstrar que esse processo não é democrático, eu queria lhes dizer que o Davi [Alcolumbre] não é Davi, o Davi é o Golias. Ele é o novo presidente do Senado porque eu retiro minha candidatura. E eu não vou me submeter a isso", disse, em tom inflamado.
Antes de Renan anunciar a decisão, o senador Flávio Bolsonaro depositou seu voto e anunciou que havia desistido de exercer o direito do voto secreto. Ele anunciou que havia escolhido Davi Alcolumbre (DEM-AP), principal rival de Renan.
Após a desistência de Renan Calheiros alguns adversários de Alcolumbre, como o senador Esperidião Amin, tentaram fazer com que a votação foi cancelada e reiniciada novamente, mas os colegas da mesa diretora, que comandavam o processo, não concordaram.
Apesar da decisão de que o voto seria secreto, muitos senadores foram ao microfone declarar o voto e até exibiram as cédulas para as câmeras.
Os senadores Major Olímpio (PSL-SP), Simone Tebet (MDB-MS) e Alvaro Dias (Podemos-PR) também desistiram da disputa, ainda antes da primeira tentativa de votação. Na sexta-feita (1°), Tasso Jereissati (PSDB-CE), considerado um dos principais opositores da candidatura de Renan, já havia declinado da sua candidatura.
A sessão para escolher quem comandará a presidência do Senado pelos próximos dois anos se iniciou na tarde de sexta, mas, após impasse, foi suspensa e retomada neste sábado.