Atualmente o Brasil enfrenta uma transição demográfica acelerada. O Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros aponta que em 2030 o número de pessoas com mais de 60 anos no país irá ultrapassar o total de crianças e adolescentes entre zero e 14 anos.
Em meio a essas mudanças, é importante reforçar o alto valor do amparo prestado por instituições a essa parcela da população que, muitas vezes, é esquecida.
Historicamente, persiste um preconceito em relação às casas de repouso para idosos, pois, para muitos, elas representam um lugar de exclusão social, dominação e isolamento. Porém, há instituições que oferecem um serviço focado no pleno cuidado e dedicação à vida dos mais longevos.
O Abrigo São Lucas é um exemplo disso. Com 33 anos de existência e situado no bairro Vale Quem Tem, na zona Leste de Teresina, o espaço atualmente é a casa de 55 idosos. O local é tranquilo, amplo e repleto de árvores.
A responsável por começar essa história foi Regina Lúcia Costa. Ela chamou atenção dos piauienses ao adotar oito idosos em situação de rua. A sua bondade e força de vontade fez dela referência no acolhimento de homens e mulheres vulneráveis.
Em 2010, enquanto coordenadora do abrigo, Regina faleceu após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Com o trágico acontecimento, a missão de lutar em defesa da dignidade e qualidade de vida dos anciãos caiu sobre o colo de sua filha, Liliane Costa, que imediatamente abraçou a causa.
Hoje, a casa fornece moradia e o apoio por meio de uma equipe capacitada e multidisciplinar que cuida da saúde mental e física dos hóspedes. Liliane, diretora do Abrigo São Lucas, relata quem são as pessoas acolhidas. "São moradores de rua, pessoas que têm vínculo familiar fragilizado ou rompido, homens e mulheres que eram cuidados por algum vizinho ou não tiveram oportunidades de conseguir um emprego e construir uma família", conta.
Pandemia de Covid-19 tem sido desafio
Liliane tem uma extensa lista de histórias para compartilhar. Muitas são marcadas por momentos de dor, medo, dúvidas e também de alegrias. Mas mesmo com 33 anos de portas abertas, ela destaca o maior e pior desafio enfrentado pelo Abrigo: a pandemia da Covid-19.
"O ano de 2020 para 2021 foi muito difícil. Durante os 33 anos de instituição nunca vivemos algo assim e ainda está sendo difícil. A falta de doações, o distanciamento, a ausência das pessoas, a incerteza e o medo", disse.
Em um espaço com idosos, foram ainda mais rígidas as medidas de isolamento. A suspensão das visitas provocou o bloqueio dos abraços, de um afeto comum que chegava na presença de familiares ou de voluntários.
Além disso, enquanto as despesas com alimentação e higiene aumentavam, as doações caíam. "Muitas pessoas deixaram de doar porque não tinham como ajudar. Além das doações, a gente sobrevive com 70% do benefício da aposentadoria dos idosos, 30% para custeio com os idosos", relata Liliane.
Vínculos são mantidos por videochamadas
Os hábitos rigorosos ajudaram a garantir a saúde dos hóspedes do Abrigo São Lucas durante a pandemia. Foram quatro idosos diagnosticados com o coronavírus e todos foram curados. Agora a imensa família enfrenta o período pandêmico sem visitas, mas o vínculo com familiares e voluntários foi mantido. A diretoria da instituição disponibilizou um número para que as pessoas realizassem videochamadas e ligações.
Nielzi Sousa integra a grande família do abrigo. "É minha casa. Acho que posso chamar de minha casa, já são muitos anos aqui, uns cinco. Gosto da minha casa e também gosto de ajudar as pessoas", explica a idosa.
PIX SOLIDÁRIO
Para fazer doação à instituição, foi disponibilizado a chave do PIX CNPJ | 00329756000189 e a conta corrente do Banco do Brasil 27425-6 | Agência 3507-6. Para demais informações, o número disponibilizado é (86) 99966-0016 (tel/whatsapp).
Esta matéria faz parte de uma iniciativa do Grupo Meio Norte de Comunicação (GMNC) em parceria com instituições sociais para apoiar a população em situação de vulnerabilidade socioeconômica, entre outros grupos que foram impactados pela pandemia da Covid-19. A ação compartilha histórias com objetivo de transformar vidas e arrecadar recursos financeiros para compra de alimentos e demais materiais solicitados pelas entidades participantes.