Quem cuida de um animal da espécie felis catus - o popular gato doméstico - sabe bem o que significam as palavras companheirismo e carinho. Esses animais, quando bem criados, são a companhia perfeita, fato que é perpetuado nas artes, literatura e cinema. No Egito, eles eram considerados deuses do firmamento e são muito respeitados.
Em Teresina, muitos desses animais ainda vivem em situação de vulnerabilidade, fato comprovado ao andar pelas ruas da cidade. Mas muita gente trabalha em prol dos bichanos, buscando um futuro melhor para estas vidas - muitos dizem que eles têm sete - em lares de pessoas de bom coração. Ou mesmo oferecendo conforto e controle familiar aos gatos de espaços públicos. Conheça a história de Cinara e Lina.
Protetora já salvou mais de 30 filhotes
Crédito: Lucrécio Arrais
Cinara Teixeira é fisioterapeuta e vive com o namorado em um apartamento. Junto com eles vivem três cachorros, dois gatos e alguns hóspedes para lá de especiais. Esses hóspedes são filhotes de gatos encontrados em situação de vulnerabilidade, como a Pretinha, atual moradora da casa. Ela foi encontrada com uma infecção grave no olho e foi encaminhada para uma cirurgia, para depois ser entregue para adoção.
Assim como Pretinha, Cinara conseguiu cuidar e adotar mais 30 gatos. “Nem sei quantos resgatei. Foram muitos, desde cachorros atropelados a filhotinhos de gatos. Ajudo todos que passam por mim. Eu sempre fui assim. Mas isso se tornou mais intenso há 5 anos, quando vim morar sozinha e conheci a ONG Protetores de Patinhas. Foi fundamental me relacionar com pessoas com os mesmos ideais”, explica Cinara.
O apoio e a orientação da ONG foi fundamental. “Ganhei a coragem que eu precisava para ter ações mais concretas. E as coisas foram evoluindo gradualmente. Sempre amei a natureza. Árvores, animais, rios, tudo. Desde criança me incomodei com desmatamento, lixo, queimadas. Até o corte de uma árvore me fazia pensar nos passarinhos e insetos que dependiam dela. Isso faz parte do meu ser”, acrescenta a fisioterapeuta.
Cinara aproveita o contato com os pacientes para buscar lares para os animais. “Sempre consegui adoção, até agora. Nunca resgato muitos animais ao mesmo tempo. Minha profissão me ajuda muito nisso, sou fisioterapeuta. Tenho contato com muitas pessoas e a grande maioria dos meus pacientes adota eles. É muito bom porque sempre tenho notícias dos meus bebês”, revela.
A família relutou um pouco no início. “Minha família não curte muito isso. Meu namorado não gostava muito, foram muitas brigas até ele entender que eu jamais vou parar. Hoje ele me ajuda bastante. Alguns amigos me apoiam, tem pessoas que eu não conheço que abraçam a causa e me ajudam. Então tem uma galera que ajuda com doações, remédios, cuidados”, conta Cinara Teixeira.
Crédito: Lucrécio Arrais
Cuidado a mais de 100 gatos na Uespi
Quem passeia pelos corredores da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) sabe que o local abriga muitos gatos. Os bichanos, que vivem por ali à espera de algum resto de comida das praças de alimentação da universidade, foram se acumulando com o tempo, construindo uma grande comunidade por ali.
Crédito: José Alves Filho
Vivendo praticamente em Cats, o musical da Broadway, a professora Lina Santana resolveu tomar uma excelente atitude: criou um abrigo para os gatinhos. Com o apoio da comunidade acadêmica, eles são muito bem tratados. “Eu não lembro desde quando comecei a cuidar de animais, porque desde muito criança eu já venho cuidando. Fui criada por uma avó que tinha paixão por gatos e cachorros. Agora, especificamente os gatos da Uespi, eu estudei lá. Fui professora, estou me aposentando. Sou da primeira turma da Uespi de Inglês e sempre tinham gatos. Mas eles foram procriando e foi criando um problema, fato que há oito anos aumentou muito o número de gatos”, conta.
A iniciativa gerou bons frutos. “Tive a ideia com a professora Bárbara, que na época era vice-reitora da Universidade, que também é uma protetora de animais, de criar uma campanha para a castração de gatas. Principalmente as fêmeas. O que aconteceu foi que fizemos a campanha e teve um efeito adverso. Muita gente achava que estávamos castrando gatos da comunidade em geral, chegavam e deixavam caixas com 10 gatos recém-nascidos”, acrescenta a professora.
Crédito: José Alves Filho.
A ideia foi crescendo e atingindo outras partes do Estado. “Então pensamos num problema de proteção, além de mostrar que abandonar é crime. Partimos para cima das leis, estudamos e vimos o que há a respeito disso. Nos juntamos com muitas Ongs, inclusive o pessoal da Apipa, que são nossos grandes amigos, além da advogada Juliana Paz. Então temos um projeto registrado na Prex, que chama Convivência Ética Entre Humanos e Não Humanos: Uma Questão de Educação. Fizemos palestras em todo o Estado sobre a importância dos animais”, explica Lina Santana.
Lina conta que o abrigo é mais recente. “Ano passado nós criamos um abrigo por conta dos animais que estavam sendo atropelados e mortos na Uespi. Esse abrigo tem hoje 40 gatos e gatas, praticamente todos castrados. Temos oito colônias na Universidade, com uma média de três a oito gatos. Ao todo, em toda a Uespi, no campus Torquato Neto, temos mais de 100 gatos”, conclui. (L.A)
Crédito: José Alves Filho.