A partir de sábado, Saúde aplicará duas novas vacinas a menores de 5 anos de idade

Campanha vai até dia 24 e também dará vitamina A nos locais mais pobres.

Vacina contra pólio será em forma de injeção para bebês de 2 e 4 meses e em gotinha para crianças de 6 e 15 meses de idade. | Divulgação/Ricardo Boni
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O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (14), em Brasília, a inclusão de duas novas vacinas no calendário oficial, para crianças menores de 5 anos.

Uma campanha nacional será realizada em todo o país entre os dias 18 e 24 e pretende alcançar 14,1 milhões de crianças com até 4 anos, 11 meses e 29 dias. O dia de maior mobilização, chamado "Dia D", ocorre neste sábado (18), em 34 mil postos fixos ? além de outros volantes, em escolas e parques ? e terá o envolvimento de mais de 350 mil profissionais da saúde e 42 mil veículos.

As duas novas doses são a pentavalente (contra difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras doenças bacterianas, e hepatite B) ? que até então era oferecida em duas vacinas separadas ? e a inativada contra poliomielite, que não conterá mais o vírus "vivo" e passará a ser aplicada por meio de injeção.

A Vacina Inativada Poliomielite (VIP) será destinada a bebês de 2 e 4 meses de idade, e as famosas gotinhas serão usadas nos reforços, aos 6 e aos 15 meses. E mesmo quem já tiver se imunizado, mas estiver dentro da faixa até 5 anos, deve comparecer à rede pública acompanhado dos pais ou responsáveis para tomar um reforço.

Uma das vantagens da injeção é que ela acaba com o risco de uma paralisia infantil causada como consequência da dose oral. Esse efeito colateral, porém, é raro: de um caso em cada quatro milhões.

A introdução da VIP vem sendo usada em países que já eliminaram a pólio. A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), no entanto, recomenda que as nações das Américas continuem aplicando as gotinhas, com o vírus atenuado, até a erradicação mundial da paralisia.

O vírus da poliomielite ainda circula em 25 países do mundo. Para se manter livre, o Brasil vai usar simultaneamente as duas vacinas (oral e injetável) e aproveitar as vantagens de cada uma.

Nesta campanha, serão empregados R$ 18,6 milhões do Fundo Nacional de Saúde, que serão repassados aos estados e municípios. Ao todo, foram adquiridas mais de oito milhões de vacinas e, na primeira remessa, serão enviadas 726 mil doses para abastecer todo o Brasil.

Primeiro x segundo semestre

O ministro Alexandre Padilha falou em coletiva de imprensa na manhã desta terça que o calendário nacional de vacinação se dividirá em dois: um para o primeiro semestre e o outro para o segundo.

Nos primeiros meses do ano, o foco será a vacinação oral contra a pólio, para proteger individualmente cada criança e, ao ser expelida no ambiente (na água, por exemplo), ajudar a conter o vírus selvagem, que ainda está presente em alguns países, como Nigéria, Afeganistão e Paquistão.

"Enquanto houver situação endêmica de pólio, o Brasil vai manter a orientação de uma forte campanha", disse Padilha.

No segundo semestre, em vez de ser aplicada uma segunda gotinha, o governo pretende fazer uma atualização do calendário vacinal. A meta será checar se a caderneta da criança está ou não em dia.

Da pentavalente para a heptavalente

Padilha ressaltou que a vacina pentavalente tem o benefício de reduzir o número de picadas nas crianças. Além disso, por ser fabricada por meio de uma parceria entre o Instituto Butantan, em São Paulo, e o laboratório Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, a dose deve fortalecer a produção nacional.

"A vacina inativada já era usada para situações muito especificas de imunossupressão (fraqueza do sistema imunológico), e agora vai para as crianças que ainda não começaram o esquema de vacinação da pólio. A injeção é indicada para o início da proteção contra a paralisia, até os 4 meses de vida, que é o período de maior risco", disse Padilha.

O ministro informou que o próximo passo é produzir uma vacina heptavalente, um projeto entre Butantan, Bio-Manguinhos e a Fundação Ezequiel Dias (Funed), de Minas Gerais, que deve levar quatro ou cinco anos.

"O Brasil tem condições de fabricar vacinas de interesse para o país e disputar o mercado externo, em parceria com a OMS (Organização Mundial da Saúde) e a OPAS. Hoje, já exportamos doses de febre amarela, BCG (tuberculose), sarampo e rotavírus", ressaltou.

Vitamina A

Além da campanha nacional de vacinação, com a introdução de duas novas doses no calendário, o Ministério da Saúde anunciou nesta terça a suplementação nutricional de vitamina A, por via oral, que será feita em crianças entre 6 meses e 5 anos de idade, em 2.434 municípios nas regiões Norte, Nordeste e nos vales do Jequitinhonha e Mucuri, em Minas Gerais.

A ação faz parte do programa federal "Brasil Carinhoso", e a meta é reduzir as mortes e internações por doenças infecciosas. Além disso, a vitamina ajuda a visão e o desenvolvimento cognitivo.

"A OMS indica uma dose a cada seis meses para crianças de até 5 anos em lugares onde haja uma falta endêmica de vitamina A. Essa carência está relacionada a diarreias, doenças respiratórias e infecções", enumerou Padilha.

A gotinha de vitamina A será aplicada no mesmo período de vacinação, de 18 a 24 de agosto, e deve continuar nos postos de saúde depois. A expectativa é atingir 7,8 milhões de crianças nos municípios que integram o programa "Brasil sem Miséria", onde há uma maior concentração de pobreza.

Nas demais regiões do país, a suplementação será feita no decorrer deste segundo semestre, nas Unidades Básicas de Saúde, e deve atingir 3.034 municípios em todos os estados, incluindo 34 distritos indígenas.

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