Quase dois anos e quatro meses ap?s a morte de Jean Charles de Menezes, assassinado quando tinha 27 anos pela pol?cia de Londres, na Inglaterra, os pais do rapaz ainda esperam por uma indeniza??o que pode ajudar a fam?lia a ter uma vida melhor.
O casal Matozinhos e Maria Otoni mora em uma pequena propriedade de aproximadamente 16 hectares, na zona rural da cidade de Gonzaga, no leste de Minas Gerais. Com pouco mais de 5 mil habitantes, o munic?pio se tornou conhecido por ser o local onde Jean Charles foi criado e enterrado, em 29 de julho de 2005. No cemit?rio da cidade, o t?mulo dele destoa dos demais pela impon?ncia. A sepultura, com quase 2 m de altura, custou R$ 14 mil, valor pago, segundo a fam?lia do rapaz, pelo governo ingl?s.
Matozinhos, 68 anos, conta que eles vivem da aposentadoria rural e de uma pequena cria??o com cinco cabe?as de gado que fazem a aragem do solo para planta??o.
"A indeniza??o ainda deve demorar, a gente sabe disso, mas nossa necessidade ? urgente. A situa??o aqui est? muito dif?cil. Com a seca perdi dois bois. Ningu?m mais quer mexer com planta??o e cultivo. A? o gado fica parado enquanto deveria estar trabalhando", diz.
"O Jean foi para o exterior justamente para nos ajudar, mas eles interromperam a vida dele. Por isso devem nos pagar, porque at? agora somos n?s quem estamos perdendo nessa hist?ria", reclama o pai.
Na sala da casa, um cartaz relembra a trag?dia que abalou a fam?lia e os pouco mais de 5 mil moradores da pequena Gonzaga. Amigos e parentes que moram na Inglaterra homenagearam o eletricista com uma foto dele e a frase: "Jean Charles de Menezes Tribute Festival".
Sobre a cabe?a de Jean, oito pequenos c?rculos, que segundo a fam?lia, representam os oito tiros que acertaram sua cabe?a e que foram disparados por policiais londrinos na esta??o do metr? de Stockwell.
Ao mostrar a foto, Maria, 62 anos, se emociona: "Nosso filho nos ajudou muito nos quatro anos em que viveu na Inglaterra. Foi com o dinheiro que ele mandava de l? que conseguimos reformar a nossa casa e eu pude fazer os tratamentos que precisava, porque sempre fui muito doente", recorda.