'A burocracia matou ela', diz noivo de jovem morta por apendicite

'A burocracia matou ela', diz noivo de jovem morta por apendicite

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“Estávamos escolhendo as alianças e o nosso casamento estava previsto para dezembro”, desabafou, emocionado, Leandro Nascimento Farias, noivo de Ana Carolina Cassino, de 23 anos, que morreu neste domingo (17) após uma infecção generalizada, proveniente de uma apendicite.


A família acusa o hospital de demora para a realização de cirurgia e o Conselho Regional de Medicina (CRM) disse que vai abrir uma sindicância para apurar o caso. Juntos desde 2007, o casal viveu intensamente o relacionamento.

Ana Carolina e Farias se conheceram no Ensino Médio, fizeram faculdades de farmácia juntos, trabalhavam na Maternidade Fernandes Figueira e cursavam a mesma pós-graduação.


“Nós éramos praticamente uma pessoa só. Em todo momento da minha vida ela estava presente. Estou me pegando na gana de justiça para não me derrubar. Nós tínhamos planos de ter filho. A gente sempre foi muito planejado, não éramos daqueles jovens de viajar, gastar. Nós abrimos mão de muita coisa para conseguir a nossa casa própria e realizar nossos sonhos”, contou Leandro.

Parentes de Ana Carolina cobram explicação da direção do Hospital da Unimed. Para a família, a demora de 24 horas para a realização de uma cirurgia de apendicite pode ter provocado o óbito. Leandro Farias contou que o hospital entregou uma cópia do prontuário na manhã desta quarta-feira (20).

Em um primeiro momento, a unidade informou que só entregaria o documento mediante um mandado da Justiça.

'Negligência', diz noivo

“Até agora ninguém me procurou, ninguém da alta cúpula. Eu fui atendido por um simples funcionário da ouvidoria. Eu quero provar o óbvio, que o que aconteceu com ela foi por negligência do plano, do hospital e por partes dos funcionários. Isso [apendicite] é uma coisa que todos nós estamos sujeitos a desenvolver, uma cirurgia que não demora mais de 30, 40 minutos.Todo mundo sabe quanto custa um plano da Unimed. A burocracia matou ela, o descaso, a falta de humanização dos profissionais da saúde”, afirmou noivo da jovem.

A jovem tinha consciência da infecção

Leandro contou que Ana Carolina sempre se preocupou muito com as pessoas que estavam à sua volta. Já no Centro de Tratamento Intensivo, ele contou que a farmacêutica fez um pedido para o médico: “Ela tinha consciência do que estava acontecendo. Então ela disse para o médico: doutor, não conta pra minha mãe que eu estou com infecção generalizada, porque minha mãe tem medo dessa palavra”, contou o noivo, que disse ao portal que o pai de Ana Carolina morreu há quatro anos por infecção generalizada e ela não queria deixar a mãe mais preocupada.

“O que aconteceu com ela é inaceitável, uma jovem feliz, com muita saúde e muitos planos. Ela era uma excelente profissional. Até o último minuto da vida dela ela se preocupava com as pessoas”, lamentou Leandro.

Em nota, a diretoria médica do Hospital Unimed-Rio informou que todo o processo de atendimento à paciente Ana Carolina Domingos Cassino foi avaliado por suas comissões de Óbitos e de Prontuário Médico. Segundo a diretoria da unidade, as conclusões serão analisadas pela Comissão de Ética do Hospital Unimed-Rio e será encaminhado ao representante legal de Ana Carolina Domingos Cassino. O Hospital Unimed-Rio reforçou o pesar já manifestado pelo ocorrido, se solidarizou com a família e reafirmou seu compromisso com o mais breve esclarecimento do caso.

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