O Piauí possui uma economia diferenciada dos grandes centros comerciais do Brasil. Ao contrário de estados como São Paulo e Rio de Janeiro, que concentram grandes empresas, o Estado possui até 90% dos negócios de médio porte. Este número expressivo mostra uma economia repleta de especificidades.
A média é de 2 mil empresas abertas no Piauí todos os meses. De janeiro a junho foram 800 estabelecimentos que fecharam as portas. “O Piauí nunca teve grandes baixas no número de empresas abertas. Elas nascem oriundas da própria perda do emprego. Um Estado com grandes empresas corre mais risco. Em momento de crise, elas se retraem e fazem demissões que inviabilizam o negócio. Aqui são estabelecimentos pequenos. Até 90% de nossas empresas são de nível médio, de até 20 funcionários”, explica Alzenir Porto, presidenta da Junta Comercial do Piauí (Jucepi).
O comportamento das empresas do Estado termina criando uma microesfera econômica diferente no Piauí. “Isso permite que o empregador conheça cada empregado, permitindo um relacionamento mais pessoal. É diferente de grandes empresas, que ninguém conhece os proprietários direito. Isso faz com que o funcionário queira que o negócio dê certo. Vou exemplificar: trabalho em uma padaria, então trabalho para fazer o melhor pão, para que a padaria continue e o emprego também”, aponta Alzenir.
A Jucepi tem facilitado o encerramento de empresas endividadas. “No Piauí não temos tido tantos fechamentos. Criam números mirabolantes. Muitos empresários tinham empresas abertas porque não conseguiam fechar. Quando pegavam uma certidão, a outra vencia. Hoje é mais fácil. Mesmo com débitos, você fecha o empreendimento e coloca as dívidas no próprio CPF. Muita gente procurou legalizar isso para se aposentar, por exemplo”, revela a presidenta da Jucepi.
Sem papel: uma Junta comercial 100% digital
A Jucepi, hoje, está moderna. Sem o uso de papel, todos os processos foram digitalizados e informatizados. “Para que a gente pudesse chegar até esse grau de excelência da Junta Comercial do Piauí, hoje, tivemos que passar por algumas etapas. Digitalizamos mais de 2 mil processos de nosso acervo, além do descarte. Agora estamos informatizando, temos uma Junta sem papel, 100% digital, onde você pode criar uma empresa, alterar dados e fazer isso de qualquer lugar do mundo, desde que tenha acesso à internet”, conta Alzenir Porto.
No passado, as pessoas precisavam dar entrada e receber documentos na própria Junta. “Hoje elas entram no sistema e recebem a documentação, hoje você abre uma empresa em menos de 24h. Empresas de baixo risco não precisam de licença. No passado, nós já liberávamos, por conta de um pacto entre Estado e alguns municípios, mas agora, com a Medida Provisória pela Liberdade Econômica, ela vale em todo o Brasil”, explica a presidenta da Jucepi.
A legislação facilitou a abertura de empresas. “Se você vai abrir um negócio, você tem pressa. Se você for esperar pelas licenças, é possível que o empresário perca o próprio capital. O empresário abre a empresa, independente que seja difícil ou fácil de abrir. Mas queremos mostrar que é fácil abrir uma empresa no Piauí”, revela Alzenir.
A Medida Provisória parte da boa fé dos empreendedores. “Antes era como se não acreditássemos na fala do empresário. Sendo que ele é o pagador de imposto, empregador, que corre risco. Essa pessoa precisa ser responsável com o poder público, coisa que o Governo do Piauí já está fazendo sua parte”, completa a gestora pública.
Empresas buscam público-alvo em bairros e na internet
O Piauí mostra uma economia que busca evoluir e chegar aos novos tempos. A abertura de empresas em bairros, com aporte do marketing digital, tem sido a saída para comerciantes do centro que pagavam aluguéis caros e não tinham estacionamentos para clientes. O diagnóstico é de Alzenir Porto, presidenta da Junta Comercial do Piauí (Jucepi).
O setor de serviços continua crescendo, além do comércio varejista. “As pessoas falam de crise por conta de imóveis vazios, mas tudo são mudanças. O centro de Teresina, por exemplo, precisa ser revitalizado. Há muito tempo, quando eu ainda estava na Strans, eu já dizia para os comerciantes que eles iam esvaziar o centro. Muitos têm loja com 10 metros de frente, mas o gerente vai de carro, o dono vai de carro, os funcionários vão de carro. Cadê o estacionamento para os clientes?”, exemplifica.
Os clientes buscam soluções mais práticas para as necessidades. “Quem vai para lugar que não tem estacionamento, se tem shopping e os bairros já têm empresas? As redes sociais mudaram isso. Quem tem um serviço, anuncia nas redes sociais e as pessoas vão porque é mais fácil. Tem bairros que escondem lojas maravilhosas que fazem uma boa mídia. E as startups, que podem trabalhar de casa? Gente mais velha, que acha que precisa ter um ponto no centro”, finaliza Alzenir Porto.