Noélia Cristina da Silva vive há três meses em uma residência praticamente cercada por esgoto a céu aberto, no Bairro Alto da Ressurreição, zona Sudeste de Teresina. Desde que se mudou para a residência ela não entra em sua casa pela porta da frente por causa de uma vala enorme que passa por lá, mesmo local por onde corre o esgoto de sua rua. A realidade de Noélia, no entanto, não é um constrangimento apenas seu. Dados da Agespisa mostram que 83% da população de Teresina não possuem esgoto sanitário.
?Esse esgoto é uma preocupação muito grande nossa, pois moramos com duas crianças na casa e elas estão em contato direto com isso tudo. Além do perigo de doenças, tanto para as crianças quanto para nós, existe também o fato do fedor, que causa muito incômodo?, disse Noélia. Ela acrescenta que espera com ansiedade o asfaltamento da rua, com esperança de que a situação seja amenizada.
De acordo com a Agespisa, estão sendo realizadas obras pela cidade para mudar a realidade da população que sofre com a falta de esgotos sanitários. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, com a finalização delas, o número de 17% de pessoas que contam com estes serviços de saneamento básico deverá subir para 55%. A assessoria não informou a data de finalização das obras.
No ano passado, o Plano Municipal de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário (PMAE), elaborado pela Prefeitura Municipal de Teresina, estipulou que Teresina levará 20 anos para que a rede de esgotos chegue a 90% dos domicílios da cidade somente na área urbana. De acordo com o plano, a meta de 90% só será atingida em 2031.
Dados do último Censo Demográfico, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelaram o esgoto como o serviço mais precário em favelas e ocupações. No Piauí, o sistema de esgotamento sanitário não atinge os 50% dos domicílios, ficando em 44,5%.