Quando os estupros na USP, os rankings sexuais, a violência nos trotes e o chamado revenge porn entre universitários foram denunciados no ano passado, não só um ciclo de silêncio foi quebrado, mas a cultura do estupro e a violência contra a mulher, práticas enraizadas na sociedade brasileira, foram expostas também no âmbito acadêmico.
Cerca de 67% das universitárias de todo o brasil afirmaram já ter sofrido algum tipo de violência de gênero no ambiente da universidade.
Este, e outros dados que revelam uma situação alarmante, foram apresentados pela pesquisa inédita “Violência contra a mulher no ambiente universitário”, do Instituto Avon em parceria com o Data Popular, divulgada no Fórum Fale Sem Medo nesta quinta-feira (3).
O levantamento ouviu 1.823 universitários das cinco regiões do País. Das entrevistadas, 67% já sofreram algum tipo de violência (sexual, psicológica, moral ou física) no ambiente universitário.
Entre os homens, 38% dos estudantes admitiram já ter praticado pessoalmente de algum tipo de violência contra mulheres em espaços acadêmicos.
Para Renato Meirelles, presidente do Data Popular, que realizou a pesquisa a pedido do Instituto, os dados não só categorizam e expõe atitudes machistas e opressoras dentro das universidades, mas "quebram estigmas".
“A violência contra a mulher não existe só nas periferias, entre as pessoas de baixa renda, como grande parte das pessoas ainda imagina. A pesquisa veio para quebrar este estigma. Quando você pesquisa a universidade, que é o centro da formação da sociedade brasileira, e a gente vê que atitudes extremamente machistas estão muito presentes nesses ambientes, você precisa ir mais fundo e entender que a raiz do problema é muito mais complicada do que imaginamos”, disse Meirelles.