O Hospital do Buenos Aires possui um Centro de Parto Normal com equipe multiprofissional composta por anestesistas, pediatras, corpo de enfermagem, assistentes, além da equipe de apoio. Todos ficam à disposição para intervir somente se necessário. O Centro foi inaugurado em setembro de 2016. Em um ano e dois meses em funcionamento, o centro internou 2.046 mulheres, destas 1.321 tiveram seus filhos de parto natural e humanizado, o que equivale a 64% do total.
Humanizar é dar condição e focar na mãe e no bebê, é ter uma visão holística, respeitar a natureza do corpo, dar o protagonismo do trabalho de parto à mulher. Os profissionais estarão presentes para intervir caso necessário e todos os procedimentos são discutidos antes de serem realizados.
“Como enfermeira obstetra eu sempre converso com a mulher. A gente não precisa em geral de uma cirurgia, de uma intervenção, a mulher pode e deve parir de forma natural. Parto normal é parto natural, parto feliz! A dor se faz pequena tamanha grandeza e beleza do evento. É recompensadora, gratificante, até mesmo prazerosa para algumas mulheres. Já vi mulher parir sorrindo, prazer maior não há. Nascimento de um bebê, de uma mãe, de um pai, uma família! Parir de forma não intervencionista, humanizada, natural, não cirúrgica é ser ativa no processo, tomar o controle do seu corpo e seguir seu instinto feminino e se deixar guiar”, explica Bruna Maria, uma das oito enfermeiras que atuam no primeiro Centro de Parto Normal da rede pública municipal da capital, localizado na Maternidade do Hospital Buenos Aires, zona Norte.
Ela fala ainda que é necessário o conhecimento e empoderamento da mulher, de seu corpo, seu parto, seu filho, seu acompanhante, sua vida. “A escolha consciente e justa, pensando em todos os envolvidos, não em um medo infundado do desconhecido. Como saber a dor e que tamanho é essa se não vivenciarmos. Nós focamos nos partos sem intervenção, não usamos ocitocina, não fazemos a episiotomia (corte cirúrgico feito no períneo), a gente não faz tricotomia (raspagem dos pelos pubianos), também não fazemos enema (lavagem intestinal)”, diz.
“Eu fui muito bem atendida no Centro de Parto Normal. Após 33 horas de trabalho de parto, 50 horas acordada consegui parir minha princesa da forma mais linda e emocionante possível. Pari na banqueta, ao som de trem-bala e na companhia e assistência de uma equipe excelente e também do meu marido. Gostaria de agradecer a todos e gostaria de parabenizar a estrutura da maternidade”, falou emocionada Satyê Rocha Almada, 27 anos.
A enfermeira Bruna Maria fala ainda da luta das mulheres pelo parto normal humanizado. “É uma mobilização internacional e as mulheres hoje querem ser protagonistas do parto. Então é muito mais fácil querer um parto desse do que querer aquele parto intervencionista. Quem não quer ter um parto normal humanizado? As mulheres empoderadas não querem é aquele parto normal antigo, intervencionista, com a paciente sempre deitada, sem direito a acompanhante, sozinha. Da década de 20 até agora o parto foi medicalizado, institucionalizado. A mulher tinha que parir no hospital. Foi visto como uma doença. E parto não é patológico, parto é fisiológico, é normal. Hoje estamos vivenciando o resgate do parto natural. Então não tem porque a paciente precisar de um aparato todo para parir, o parto é normal e pode acontecer”, afirma.
A humanização do parto e puerpério permite a presença do acompanhante, evita excessiva medicalização e tem como consequência a diminuição das taxas de cesarianas.
Humanizar e melhorar a assistência às gestantes no parto e no pós-parto são alguns dos objetivos do Centro de Parto Normal do Hospital do Buenos Aires. O Centro foi inaugurado para atender gestantes e recém-nascidos. A iniciativa dá a opção da mulher escolher como se movimentar livremente no local do parto e a ter acesso a métodos alternativos de alívio de dor, como massagens, caminhadas e banhos de banheira. Além disso, o Centro de Parto Normal oferece às gestantes o ambiente ideal para receber o bebê, com iluminação e temperatura adequadas. Todas essas condições oferecidas à mulher favorecem a troca e o respeito entre mãe, filho e família.