Diretor-executivo do futebol do Flamengo, Zico conhece bem a pressão em torno do seu departamento. Especialmente para um técnico iniciante como profissional, comandando um time que perdeu seus principais ídolos e que, por ora, não deve ter reposição à altura. Há três jogos sem vencer, Rogério Lourenço enfrenta um momento delicado de afirmação diante da torcida, que já procura motivos para contestar.
Na última partida, contra o Vasco, Willians sentiu uma contratura e pediu para sair, mas isso não impediu o coro de "burro" para Rogério, que mostrou nervosismo ao ser questionado sobre o fato na entrevista coletiva, no domingo, e afirmou que nenhum torcedor veio contestá-lo. Antes disso, porém, Zico já havia percebido a situação. Por isso, chamou Willians para um papo no vestiário e pediu que, toda vez que alguém sentir uma lesão em campo e tiver de sair, sinalize claramente para o banco de reservas, com um gesto que a torcida também seja capaz de identificar.
"A injustiça é muito grande quando se vê uma situação como essa. Conversei com o Willians depois do jogo, o Angelim e o Juan estavam também, e disse a eles para em situações como essa fazerem um movimento bem claro de que quer sair, para evitar essa situação. O Willians até reconheceu, falou: "Dei mole". Essas coisas são tristes de ver, porque parece uma coisa direcionada, pensada. As pessoas hoje são denegridas sem mais nem menos. Na hora que saiu, ficou a impressão de opção tática, mas não foi", explicou Zico ao iG.
Sobre a saída do zagueiro Fabrício, considerado uma grande promessa da base, o diretor-executivo fez questão de deixar claro que não há muito o que fazer a respeito, por conta de "erros anteriores", e chama de covardia a tentativa de atrelar a transferência do jogador para o Palmeiras à discussão que teve recentemente com Rogério Lourenço, ou o fato de o treinador não o estar utilizando nas partidas.
"Nesse caso do Fabrício, a maior sujeira que estão fazendo é querer jogar para cima do Rogério. A possibilidade dele sair é de praticamente 100% devido ao que está no contrato. Existem multas e não quero prejudicar o Flamengo. Isso está com o jurídico. Se tiver de ser liberado, será. E isso não tem nada a ver com o Rogério não estar utilizando, muito menos o probleminha que teve com ele. Estão querendo pretexto para jogar na conta dele, o que é uma covardia, uma coisa leonina", disse Zico.
Ele explicou ainda que o zagueiro só não deixou o clube em dezembro por conta de um acordo verbal. Fabrício não pertence mais ao clube: 60% dos direitos pertencem à Traffic (parceira do Palmeiras) e os outros 40% ao BMG, patrocinador rubro-negro.
" O Fabrício já era para ter sido liberado em dezembro de 2009 e ficou por um acordo verbal. O que entendi de tudo o que li é que na hora que o Desportivo Brasil (clube controlado pela Traffic) quiser o jogador, ele estaria liberado. Mas o departamento jurídico nos dará um parecer. Acredito que não existe outra forma. É bom que a torcida saiba disso, porque querem jogar na conta de outras pessoas erros anteriores".