O zagueiro do Napoli, Kalidou Koulibaly, alvo de racismo em uma partida contra a Inter de Milão na última quarta-feira (26), foi suspenso por dois jogos por causa de sua expulsão nos minutos finais do duelo, válido pela Série A.
Koulibaly recebeu o primeiro cartão amarelo por uma falta e o segundo por aplaudir ironicamente o árbitro Paolo Mazzoleni, que não tomou nenhuma atitude para inibir os atos de racismo dos torcedores da Inter.
Segundo o juiz desportivo Gerardo Mastrandrea, o zagueiro franco-senegalês foi suspenso por um jogo pelo cartão vermelho e levou gancho de mais uma partida por causa do "aplauso irônico" ao árbitro. O magistrado também suspendeu o atacante Lorenzo Insigne por duas rodadas por ter "insultado" o juiz do jogo.
Punição
Já a Inter de Milão terá de jogar duas partidas no San Siro com portões fechados e uma terceira sem público na "curva norte", onde ficam suas torcidas organizadas, devido aos cânticos racistas entoados contra o Napoli .
O caso
Na última quarta-feira (26), durante o duelo entre Inter e Napoli, vencido pelo time da casa por 1 a 0, torcedores do clube nerazzurro gritaram ofensas racistas contra Koulibaly, que é negro. Além disso, foi possível ouvir cânticos discriminatórios contra os napolitanos, incluindo uma música pedindo para o vulcão Vesúvio "lavá-los com fogo".
Os alto-falantes do San Siro chegaram a emitir apelos solicitando o fim das ofensas e alertando que a partida poderia ser suspensa, mas nada aconteceu.
"Lamento pela derrota e por ter deixado meus irmãos. Mas tenho orgulho da cor da minha pele, de ser francês, de ser senegalês, napolitano, homem", escreveu Koulibaly no Twitter.
Após a partida, o treinador do Napoli, Carlo Ancelotti, disse que pediu três vezes a suspensão do jogo por causa das ofensas racistas. "Na próxima vez, abandonaremos o campo, talvez nos deem a partida como perdida", afirmou.
Segundo Ancelotti, Koulibaly estava "nervoso" por causa do comportamento dos torcedores da Inter e da falta de ação do árbitro. "Normalmente ele é calmo e respeitoso", garantiu.
O zagueiro também ganhou o apoio do craque da Juventus Cristiano Ronaldo, que publicou uma mensagem em sua defesa nas redes sociais."No mundo e no futebol precisamos de educação e respeito. Não ao racismo e a qualquer ofensa e discriminação", escreveu o português.
Já o procurador da Federação Italiana de Futebol (Figc), Giuseppe Pecoraro, declarou à ANSA que queria a suspensão da partida, mas que a decisão cabia às forças de ordem e ao juiz. O responsável pela polícia de Milão, Marcello Cardona, justificou que seria "arriscado" interromper a partida a cinco minutos do fim.
"Os gritos contra Koulibaly foram registrados e, após o anúncio no estádio, foram interrompidos. Quando o jogador foi expulso, a cinco minutos do fim, [os cantos] recomeçaram. Naquele momento, era arriscado parar tudo, era melhor terminar a partida normalmente", declarou.
Além disso, morreu nesta quinta-feira um torcedor da Inter de Milão atropelado por uma van antes da partida no San Siro. O incidente ocorreu por volta de 19h30, na via Novara, situada nos arredores do estádio, em meio a uma briga de torcidas. Segundo o delegado Marcello Cardona, o veículo foi cercado por mais de 100 "ultras" interistas e do clube amador Varese, sendo que dois já foram presos.
Cardona também informou que pedirá o fechamento do setor das organizadas da Inter no San Siro até 31 de março de 2019 e o veto à presença de torcedores nerazzurri em partidas fora de casa até o fim da temporada. Muito em função, também, pelo caso de racismo no jogo desta quarta-feira.