A vuvuzela, uma espécie de corneta típica que a torcida sul-africana vai usar durante os jogos na próxima Copa do Mundo, é a campeã na produção de barulho e pode causar perda permanente na audição, alertou, nesta segunda-feira, uma fundação especializada no estudo de surdez.
A FIFA, no entanto, autorizou a utilização do instrumento de plástico durante o torneio, que começa na próxima sexta, após um teste em estádio para 95 mil pessoas em Johanesburgo em que se avaliou a possibilidade das cornetas interferirem nos anúncios de emergência. Ainda que seja usada normalmente em partidas do campeonato local, a vuvuzela também está sendo tocada em partidas amistosas e nos treinamentos antes da Copa, mesmo no caso de seleções que não têm relação com a África do Sul.
A fundação Hear the World - organização formada pela empresa especializada em produtos de surdez suíça Phonak para criar conscientização sobre a perda de audição - disse que testes mostraram que a corneta produz muito barulho, ultrapassando inclusive o som produzido por um motosserra.
Os testes, realizados no último mês em um estúdio à prova de som, apontaram que a vuvuzela produz 127 decibéis, mais do que uma buzina de ar comprimido - 123.5 decibéis - ou os tambores brasileiros. O apito do árbitro ficou em quarto colocado no quesito produção de barulho, enquanto a caneca cowbell, típica em partidas na Suíça e na Áustria, ficou em último com 114,9 decibéis.
"Quando um som aumenta em 10 decibéis, os nossos ouvidos o percebem como sendo duas vezes maior. Então, é possível dizer que a percepção do barulho da vuvuzela é o dobro da caneca cowbell", disse o audiologista Robert Beiny em comunicado oficial.
De acordo com a Hear the World, a exposição continuada a 85 decibéis pode gerar perda de audição permanente. Por isso, a organização pede que os torcedores utilizem protetores auriculares para evitar riscos.
A vuvuzela soa cada vez mais forte na África do Sul na medida em que a Copa se aproxima. O instrumento toca em locais como aeroportos e shoppings, mas nos estádios, quando dezenas de milhares de pessoas vão tocar a corneta simultaneamente, a sensação será algo próximo a um congestionamento com vários carros buzinando ao mesmo tempo.
Alguns jogadores reclamaram durante a Copa das Confederações no ano passado, e o técnico da Tailândia, Bryan Robson, disse que não conseguiu se comunicar com seus jogadores durante amistoso contra a África do Sul.
O presidente da FIFA, Sepp Blatter, defendeu a corneta dizendo que ela é parte do costume local, assim como tambores ou cantos de torcidas são em outros países.
O técnico da África do Sul, Carlos Alberto Parreira, quer muito mais barulho para inspirar os "bafana bafana", como a seleção sul-africana é conhecida, para conseguir uma vaga no difícil grupo A em partidas contra o México, Uruguai e França.