O nome de Bruno está de volta aos bastidores do Flamengo após a extinção de sua pena no processo de cárcere privado, agressão e constrangimento ilegal contra a modelo Eliza Samúdio. O que aumenta, segundo seus advogados, a possibilidade de sair nos próximos dias o habeas corpus que lhe dará condição de deixar a prisão e voltar ao trabalho. A tática do Flamengo é jogar na retranca. O vice de futebol Paulo Cesar Coutinho toca a bola para o departamento jurídico:
- Isso é um problema jurídico. Se ele tiver direitos, não vou poder ir contra a lei - destacou o dirigente, em entrevista.
Enquanto outros setores do clube adotaram o silêncio como tática, Coutinho dribla sua própria hesitação. Entre a dúvida sobre a reação da torcida e o apoio aos goleiros que estão hoje no clube, ele prefere dar seu voto de confiança ao reserva Paulo Victor e ao titular Felipe.
- A torcida gosta do Bruno. Eu achava-o ótimo também, mas estamos muito bem servidos de goleiro.
Agora, isso é uma decisão da presidente - disse Coutinho.
Será? Para o advogado Rui Pimenta, que defende Bruno, seu cliente é atleta do Flamengo. E, uma vez alcançado o habeas corpus, Patricia Amorim será imediatamente procurada:
- Logo que o Bruno sair, vou acompanhá-lo à presidência. Vou telefonar e dizer: "Estou indo aí com ele". Como o Flamengo vai dispensar o melhor do mundo? - disse o advogado, por telefone.
Não é de hoje que o goleiro e seu advogado estão "treinando" para o reencontro com a diretoria rubro-negra. Tanto que, em abril, Rui Pimenta entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o passaporte e o certificado internacional de vacinação de Bruno.
- Entreguei o passaporte e o atestado de vacina para provar que ele não vai fugir. Uma vez livre, Bruno poderá cumprir toda a tabela do Brasileirão. Ele só não pode jogar fora do território nacional. Nesse caso excepcional, seria necessária uma autorização do Supremo, pois uma das condições para ele deixar a prisão é não sair do País. Bruno está uma bala. Já está fazendo aquecimento para voltar.
Segundo o advogado, o goleiro despertou o interesse de seis clubes, mesmo na cadeia: dois do Rio, dois de São Paulo, um de Minas e um do Rio Grande do Sul. Bruno estaria dentro do peso ideal e com bom preparo físico.
- Aos empresários que me procuram, digo que o Bruno tem contrato com o Flamengo até dezembro.
Assim que for solto, ele vai voltar a treinar e, em 15 dias, já poderá ser titular. Bruno não precisa correr na prisão, pois ele não é atacante. O negócio dele é embaixo dos três paus. Ele é Flamengo até morrer e está assistindo aos jogos pela TV de sua cela. A ideia é que ele volte a trabalhar e, após 30 dias, receba salário do Flamengo - encerrou o advogado, numa jogada ofensiva para furar a retranca rubro-negra.