A notícia de que Valdiram virou morador de rua, comoveu o mundo do futebol. Do lamento à solidariedade, não faltaram reações. Para o ex-jogador, a mais animadora veio do Vasco. Seu ex-clube conseguiu viabilizar tratamento numa clínica de reabilitação.
— Vínhamos pensando em fazer programas estruturados, e não compensatórios, para estes ex-jogadores em situação delicada. O caso do Valdiram acabou precipitando isso — disse o vice-presidente social cruz-maltino José Pinto Monteiro.
Acompanhado de Sônia Maria Andrade (2ª vice geral) e de Antônio Carlos Pinto (diretor de educação), Monteiro percorreu Bonsucesso atrás de Valdiram para oferecer o tratamento (a internação não pode ser compulsória). Mas não o encontrou. Ele promete insistir.
A ideia é submeter Valdiram a uma bateria de exames clínicos (sangue, urina, pulmão). Caso nenhuma doença seja detectada, ele será encaminhado para a clínica. O sindicato dos atletas de futebol do Rio (Saferj) está de olho no caso. O presidente da entidade, o ex-jogador Deninho, afirmou que acompanhará as movimentações do Vasco. Ele defende as medidas propostas pelo clube.
— É preciso conhecer de perto. Mas, pelo que pude ver, o caso dele é clínico. Não adianta só dar dinheiro — defende Deninho.
O trabalho social da Saferj, que orienta e emprega ex-jogadores, ganhou publicidade em 2013, quando ajudou o ex-lateral do Botafogo Perivaldo. Ele morava nas ruas de Portugal e foi trazido de volta para o Brasil.
— Os casos são diferentes — pondera Deninho. — Com o Perivaldo, não havia caso de drogas ou alcoolismo.
Renato Gaúcho se sensibiliza com ex-pupilo
Mesmo quem conheceu de perto as limitações de Valdiram não deixou de se comover. Foi o caso do técnico Renato Gaúcho. Foi sob seu comando, no Vasco, que o ex-atleta chegou à artilharia da Copa do Brasil de 2006.
— Ajudei muito o Valdiram no Vasco. Conseguimos recuperar ele, que foi muito importante na campanha da Copa do Brasil — recorda-se. — Da mesma forma que fiquei feliz em poder ajudá-lo, fico muito triste de ver que chegou nessa situação.
Valdiram foi titular no ataque vascaíno. Mas a indisciplina obrigou Renato a barrá-lo da decisão da Copa do Brasil, contra o Flamengo.
— Toda semana o multava. Cansei de dar conselhos. E usava essa multa não só para puni-lo, mas para tentar por juízo em sua cabeça.