O clima de apreensão domina os bastidores do Vasco. O time enfrenta o Internacional, domingo, às 16h, em Caxias do Sul, pelo Campeonato Brasileiro, mas o foco está no temor da administração em razão da possibilidade de saída do técnico Paulo Autuori pelos problemas financeiros. A diretoria não cumpriu o prazo para o pagamento do mês de maio na última sexta-feira, mas manteve o discurso otimista pelo processo de regularização econômica até o final do mês.
Os dirigentes não admitem publicamente a chance de perder Paulo Autuori por conta dos atrasados e asseguram que o treinador está sendo informado diariamente de todo o planejamento para a obtenção das certidões negativas de débitos - documento emitido pela Receita Federal que comprova a não existência de dívidas com órgãos públicos. A meta é divulgar o acordo referente ao passivo e anunciar na sequência os patrocínios com a Caixa Econômica Federal e a montadora de automóveis Nissan.
Desde a chegada ao Vasco, Paulo Autuori foi informado pela administração Roberto Dinamite que o mês de julho era o prazo para que o clube colocasse as finanças em ordem. O profissional já deixou claro em algumas ocasiões que pode deixar o comando do time caso as promessas não sejam cumpridas. Elenco e funcionários esperavam o pagamento de maio na última sexta-feira, fato que não ocorreu.
Paulo Autuori chegou a falar sobre o caso no último dia 28, quando o Cruzmaltino quitou o salário de abril. ?O prazo foi dado pela diretoria. O problema não é só pagar agora. A questão é que a partir de julho não podem mais existir atrasos nos salários dos profissionais que trabalham no clube. Essa é a meta que a direção deseja cumprir?.
Na quinta-feira, o diretor executivo Ricardo Gomes reconheceu que o pagamento de maio não seria realizado. ?Trabalhamos para zerar no mês de julho. Se não for no dia 1, vai ser no dia 20. Vai resolver. O Paulo entende que se não for [quitado o salário de maio] na sexta, será na segunda?.
Antes da viagem para Caxias do Sul, local da partida contra o Internacional, o clima era de apreensão nos bastidores. Paulo Autuori se manteve discreto, mas funcionários e jogadores reconheceram o momento delicado. A incógnita sobre o que pode acontecer incomoda os envolvidos. Procurado pela reportagem, o diretor geral Cristiano Koehler assegurou o pagamento do mês de maio e afirmou que o comandante segue no clube mesmo diante dos rumores de uma possível saída.
?Não existe data, mas o salário de maio será quitado na próxima semana. Estamos alinhados com o discurso do Paulo. A nossa ideia é não deixar os salários atrasarem a partir do mês de julho. Falo todos os dias com o treinador. Ele está comprometido com os projetos e objetivos. O Autuori está ciente de tudo o que estamos fazendo. Não vejo risco de saída?, encerrou.
Em meio ao confronto entre o discurso otimista dos dirigentes e a preocupação nos bastidores do departamento de futebol, Paulo Autuori segue o trabalho no Vasco. A expectativa é que o treinador se pronuncie sobre a sequência no clube após o compromisso de domingo pelo Campeonato Brasileiro.