A Associação Egípcia de Futebol anunciou neste sábado o cancelamento da temporada 2011/2012, em virtude da tragédia ocorrida no mês passado, quando 74 torcedores acabaram mortos após confronto envolvendo torcedores do Al-Masry e do Al-Ahly. Segundo o porta-voz da entidade, Azmy Megahed, não há tempo suficiente para adequar os jogos ao calendário da seleção, que treinará para os Jogos Olímpicos de Londres e a Copa da África de 2013.
Sem atividade oficial até a metade do ano, 18 times da liga disputarão um torneio amistoso a fim de arrecadar dinheiro para as famílias dos mortos na tragédia. A competição já foi nomeada como a Copa dos Mártires e será realizada entre 29 de março e 18 de maio. O único clube que não participará da disputa é justamente o Al-Masry, time dono do palco onde ocorreu a tragédia que marcou o ano do futebol egípcio.
Com o anúncio da associação de futebol deste sábado, o Campeonato Egípcio é cancelado pela quinta vez na história, todas por motivos extra-campo. Nos anos de 1954/55, 1970/71, 1973/74 e 1989/90, as equipes também não disputaram toda a temporada.
Relembre o caso
Em 1º de fevereiro deste ano, brigas entre torcedores do Al-Masri e Al-Ahly deixaram 74 mortos e centenas de feridos, depois de partida disputada na cidade de Port-Said, e válida pela 17ª rodada do Campeonato Egípcio, temporada 2011/2012.
Os confrontos começaram logo após o apito final, quando o Al-Ahly, um dos principais clubes do país, perdeu por 3 a 1 para o rival Al-Masri, sofrendo a primeira derrota da temporada.
Torcedores do Al-Masri atiraram pedras, garrafas de vidro e foguetes no setor reservado aos fãs do Al-Ahly; alguns ainda estavam armados com facas. As autoridades egípcias também relataram um incêndio em outra arena de futebol, o estádio Nacional de Cairo. O fogo foi controlado, mas a partida entre o Zamalek e o Ismaily foi cancelada.
Os policiais que faziam a segurança no local têm se mantido pouco "funcionais" desde o ano passado, quando os protestos oriundos da Primavera Árabe tiraram o ditador Hosni Mubarak do poder.
Este foi o pior incidente no futebol de toda a história do Egito. Todos os demais jogos da liga egípcia foram cancelados.