Neste sábado, no UFC 232, último evento do UFC no ano, conta com duas disputas de cinturão. Pelo título vago da categoria meio-pesado, Jon Jones e Alexander Gustafsson, que fizeram uma das lutas mais eletrizantes da história do MMA voltam a ficar frente a frente cinco anos depois.
O co-evento principal da noite coloca duas brasileiras para ver quem é a melhor lutadora do mundo: campeã peso-galo, Amanda Nunes sobe de peso para enfrentar a rainha do peso-pena Cris Cyborg.
Semana marcada por confusão
Só que em 2018, o show não será apenas lembrado por conta das duas disputas de títulos. Além dos combates, o UFC 232 vai ficar marcado pela confusão envolvendo um exame antidoping de Jon Jones e a mudança do card de Las Vegas para Los Angeles faltando cinco dias para a realização do evento.
O tema virou o centro das discussões da semana, com direito à blusa de provocação do rival Alexander Gustafsson na pesagem, pedindo o fim do doping no esporte. Fãs se dividiram entre apoiar e vaiar Jones nas atividades oficiais.
- Metade das pessoas que estão me julgando não abrem um livro de química desde o ensino médio. As pessoas estão ignorando que essa quantia é tão pequena que nem deveria ser mencionada. Não há efeitos. Se você dividir um grão de sal em 48 milhões de pedaços, você terá um picograma - disse Jones na coletiva de imprensa do evento.
Gustafsson não acreditou na defesa do ex-campeão meio-pesado e passou a semana alfinetando o rival. Para ele, a reincidência dos episódios extra-octógono envolvendo Jones se deve ao fato de não haver punição severa para o americano.
- Tenho passado por muita dor e muito suor para não lutar contra ele. O que mais importa pra mim é acabar com esse palhaço do esporte. Ele vai cair. A era do Jon Jones acabou - disse Gustafsson.
Aos 23 anos, Jon Jones se tornou o campeão mais jovem da história do Ultimate ao bater Maurício Shogun, em 2011. Em 24 lutas na carreira, "Bones" acumula 22 vitórias, uma derrota e um "no contest", este justamente na última luta, quando viu o nocaute técnico em cima de Daniel Cormier, no UFC 214, mudar para sem resultado após ser flagrado no antidoping.
O adversário que mais deu trabalho a Jones dentro do octógono foi Alexander Gustafsson. Os dois fizeram uma luta duríssima em 2013, no UFC 165, com o americano defendendo com sucesso o cinturão na decisão unânime dos juízes.
- Eu acreditava que não era humano e Gustafsson me mostrou que eu sou muito humano. Foi ali que eu percebi que não era invencível. Eu estava no auge do meu comportamento festeiro, eu acordava muito tarde, faltava treinos, estava festejando o tempo todo. Estava bêbado durante metade do camp de treinamento. E ainda saí com a vitória. Quero que ele perceba que ele lutou com uma versão diluída de mim contra a melhor versão absoluta dele e, mesmo assim, ele perdeu. Mas agora eu e ele vamos nos encontrar na melhor forma de nós dois e quero ver como ele se sai - disse o americano.
Durante estes cinco anos, o sueco teve a chance de disputar o cinturão mais uma vez, mas acabou derrotado por Daniel Cormier. Após enfrentar uma série de lesões, "The Mauler" voltou a lutar em 2017, quando nocauteou Glover Teixeira. Voltou a se machucar e não lutou em 2018.
A melhor lutadora do mundo
O presidente do UFC Dana White declarou nesta semana: a luta entre Cris Cyborg e Amanda Nunes vai definir a lutadora mais dura do planeta. Pela primeira vez na história do UFC, duas campeãs do evento ficarão frente a frente no octógono.
De um lado, uma lutadora que não sabe o que é perder há 13 anos e um mês. Neste período, 21 lutadoras tentaram vencer Cris Cyborg no MMA. Todas sem sucesso. A única derrota dentro do óctogono foi na estreia, em maio de 2015. Essa vai ser a terceira defesa de título da curitibana no Ultimate. Com 70% de favoritismo nas casas de apostas, a brasileira dispensa o status.
- Nunca fico checando quem é a favorita ou não. O foco está nos meus treinos, isso não me afeta. Chego lá e faço meu trabalho, não levo em consideração o que há por fora disso. Neste sábado vou mostrar porque sou a campeã - disse ela.
Subindo de categoria, Amanda Nunes busca fazer história. A baiana, que defendeu com sucesso por quatro vezes o título peso-galo, vem embalada por sete triunfos consecutivos. A "Leoa" tenta se tornar a primeira mulher campeã em duas categorias diferentes no UFC; a terceira atleta no geral a ter dois títulos simultaneamente.
- Tenho algo diferente de todas: o pensamento de campeã. Eu penso exatamente como a Cris pensa, essa é a diferença. Vai ser campeã contra campeã e que vença a melhor. Falando em tática, preciso chegar lá e ver o que ela vai apresentar para saber o que vou fazer. Esperar ela mostrar o que ela tem para colocar em prática o meu jogo. Ganhando dela, serei a melhor de todos os tempos - disse a "Leoa".
Único representante do Brasil no evento entre os homens, Douglas D'Silva encara o russo Petr Yan no peso-galo. Essa luta chegou a ser marcada para o UFC Moscou, em setembro, mas uma lesão tirou o brasileiro do evento.
Aos 33 anos, o paraense soma 25 vitórias e apenas duas derrotas na carreira. Vindo de vitória contra Marlon Vera no UFC Belém, o lutador é o 14° colocado do ranking. Petr Yan tem dez vitórias e apenas uma derrota no cartel, e venceu até aqui as duas lutas que fez no Ultimate.
UFC 232
29 de dezembro de 2018, em Los Angeles (EUA)
CARD PRINCIPAL (1h, horário de Brasília):
Peso-meio-pesado: Jon Jones x Alexander Gustafsson
Peso-pena: Cris Cyborg x Amanda Nunes
Peso-meio-médio: Carlos Condit x Michael Chiesa
Peso-meio-pesado: Ilir Latifi x Corey Anderson
Peso-pena: Chad Mendes x Alex Volkanovski
CARD PRELIMINAR (21h30, horário de Brasília):
Peso-pesado: Andrei Arlovski x Walt Harris
Peso-pena: Cat Zingano x Megan Anderson
Peso-galo: Douglas D'Silva x Petr Yan
Peso-leve: B.J. Penn x Ryan Hall
Peso-galo: Nathaniel Wood x Andre Ewell
Peso-médio: Uriah Hall x Bevon Lewis
Peso-meio-médio: Curtis Millender x Siyar Bahadurzada
Peso-galo: Montel Jackson x Brian Kelleher