A passagem do atacante Túlio Maravilha na busca pelo "Gol Mil" na carreira por terras capixabas pode acabar antes do previsto. Alegando atrasos salariais, o jogador deixou o Espírito Santo e retornou para o seu "reduto", o estado de Goiás, local onde nasceu. O contrato entre o jogador e o Vilavelhense acaba apenas no fim de setembro.
Túlio revelou, por telefone, que está há 15 dias com o salário atrasado, mas deseja resolver a situação. O artilheiro dos 999 gols, segundo suas próprias contas, afirmou que voltaria ao Vilavelhense se os compromissos forem colocados em dia.
- Estou em Goiânia, na minha base, no meu quartel general. Só volto para o Espírito Santo quando o Vilavelhense pagar o que me deve. Os salários estão 15 dias atrasados e eles têm que cumprir com o contato e honrar seus compromissos. Ou eles pagam o que me devem, ou não pagam e eu não jogo. Eu tenho meus contatos, mas até agora recebi apenas sondagens. Só vou me pronunciar sobre outra equipe após acabar o meu contrato com o Vilavelhense ou se eles me derem a rescisão de contrato.
Rebatendo as declarações de Túlio, o gestor de futebol do Vilavelhense, Marcos Santos, afirmou, também por telefone, que o clube está em dia com o atacante e tem todos os comprovantes dos pagamentos feitos até agora.
- Nós temos o contrato, temos todos os recibos e está tudo em dia com o Túlio. É só me procurar pessoalmente que eu faço questão de mostrar todos os documentos. O contrato está na minha mão para quem quiser ver. Ele me vendeu o "Gol Mil" e não quer entregar, só pode ser isso. Não entendi por que ele está fazendo isso, ele foi embora, mas não falou comigo. Apenas mandei um e-mail, mas não obtive resposta. Não sei porque ele está fazendo isso, porque o salário está em dia.
Evento em dia de jogo causa polêmica
O folclórico jogador, de 44 anos, marcou o "Gol Moqueca" na vitória do Vila sobre o Linhares por 2 a 1, no dia 24 de agosto, pela quinta rodada da Copa Espírito Santo 2013. Na semana seguinte, que marcaria o último jogo do Vilavelhense na competição estadual, Túlio sentiu uma lesão na coxa e desfalcou o time canela-verde na vitória por 3 a 1 sobre a Desportiva Ferroviária, neste sábado.
Mas no mesmo dia do jogo, Túlio tinha um evento marcado com uma editora de álbuns de figurinhas no Rio de Janeiro, praticamente no mesmo horário da partida. Ao ser indagado sobre a situação, o jogador foi incisivo, declarando que vida pessoal e profissional não se misturam, além de afirmar que fora de campo quem manda na própria vida é ele.
- Primeira coisa. Quem sabe da minha vida pessoal sou eu. Teve o evento mesmo lá no Rio de Janeiro e eu fui, porque estava lesionado. Fiz tratamento, mas não tinha condições de jogo. Com a camisa do Vilavelhense, sempre fui profissional, mas fora de campo quem sabe o que eu faço sou eu. Dentro de campo eu fui muito profissional e dei ao Vilavelhense algo que o time nunca teve em sua história, que foi colocar o Vila na mídia nacional e internacional.
Novamente em tom de desabafo, o dirigente do Vilavelhense comparou a situação com a que Túlio viveu no Botafogo, revelou que possui contratos de direito de imagem e sobre o "Gol Mil", além de confirmar com veemência que Túlio não estava autorizado a sair do Espírito Santo no último final de semana.
- Ele estava no Botafogo e saiu de lá faltando um pouco de gols para o milésimo e meteu o pau no Botafogo. Eu não sei o que aconteceu lá, mas vejo que aqui está acontecendo a mesma coisa. Temos contrato de direito de imagem que ele não respeitou. Temos o direito de imagem do Túlio e temos os direitos sobre o "Gol Mil". Comprado e pago. Falta a última parcela, qua vence ainda no dia 15 de setembro. Não tivemos a ciência de que ele ia para o evento no Rio de Janeiro e ele não estava autorizado a deixar o Espírito Santo no dia do jogo.
Túlio agradece acolhida capixaba, mas dirigente o acusa de enganação
Em tom de despedida, mesmo ainda sem a resolução do caso, Túlio fez questão de agradecer o carinho e atenção recebidos em sua passagem por terras capixabas, neste projeto dos mil gols na carreira. O jogador, que vestiu as camisas de Tupy e Vilavelhense, que são do mesmo município, Vila Velha, afirmou ainda que deseja retornar em breve ao Espírito Santo e que essa saída não é um adeus, e apenas um até breve.
- Gostaria de agradecer todo o carinho que recebi nesta minha passagem pelo Espírito Santo, com a camisa do Vilavelhense. O povo capixaba me acolheu quando vesti a camisa do Tupy, dez anos atrás e da mesma forma me abraçou agora com a minha participação no Vila, independente do "Gol Mil" ter saído ou não. Gostei muito do Espírito Santo e quero voltar em breve. Isso então é um até breve, e não um adeus, porque adeus é só quando a gente morre.