Um cenário favorável, mas longe de ser tranquilizante para o Flamengo decidir o futuro na Libertadores. Precisando de uma vitória simples sobre o León, do México, nesta quarta-feira, às 19h45m (de Brasília), para avançar às oitavas de final, o time terá um Maracanã lotado ao seu lado. Todos os 52.474 ingressos disponibilizados para os rubro-negros foram vendidos antecipadamente. O apoio está garantido. Mas o retrospecto nesse tipo de atmosfera nem sempre é sinônimo de sucesso. Nas três últimas vezes em que participou da disputa, derrotas no Rio de Janeiro foram determinantes para eliminações traumáticas.
A primeira e mais famosa delas aconteceu no dia 7 de maio de 2008. Campeão carioca dias antes, o Flamengo preparou uma festa de despedida para Joel Santana - que seguia para a África do Sul -, mas nada deu certo. Em uma noite que começou com atraso na chegada ao estádio, os rubro-negros perderam por 3 a 0 - depois de terem vencido por 4 a 2 no México - e foram eliminados nas oitavas de final em partida memorável do gordinho Salvador Cabañas. Coadjuvante e vilão do Rubro-Negro na partida, o zagueiro Leonardo ainda sofre com derrota para América-MEX.
Dois anos depois, o adeus não aconteceu dentro de casa. Mas se deu graças a um novo tropeço diante do torcedor. Com Adriano e Vágner Love no time, o Flamengo até venceu a Universidad de Chile em Santiago, por 2 a 1, no jogo de volta das quartas de final. Porém, a derrota por 3 a 2 uma semana antes, no Maracanã, pesou a favor da La U. Era o ato final da geração que garantiu o título brasileiro do ano anterior.
Por fim, em 2012, mudou o palco, mudou o estádio, e repetiu-se a história. A queda na primeira fase do time que tinha Ronaldinho Gaúcho se tornou emblemática por conta da vitória do Emelec sobre o Olimpia, no Paraguai, com um gol nos acréscimos que colocou um ponto final na festa que jogadores faziam no Engenhão após o placar de 3 a 0 sobre o Lanús. O resultado determinante para a eliminação, por sua vez, tinha acontecido rodadas antes, quando empatou com os paraguaios por 3 a 3 após abrir vantagem de 3 a 0, no Engenhão.
Léo Moura e Paulinho acreditam em final feliz
Nesta quarta-feira, o Flamengo entra em campo com apenas um personagem em comum em todas essas tragédias: Léo Moura. Desta vez, o experiente lateral-direito crê num final diferente e dá a receita para o sucesso.
- Aqui no Flamengo, quando não dá no futebol, tem que ser no amor e na raça. Assim que vai ser no Maracanã. Vamos buscar a chance de chegar a essa final - disse o capitão do time.
A mudança radical de elenco, comissão técnica e até diretoria, no entanto, não faz com que os erros do passado sejam esquecidos. Pelo contrário. Destaque das últimas partidas, Paulinho tira lições destes episódios e cobra um time mais atento para evitar um novo vacilo fatal como mandante.
- O histórico vai nos ajudar. Não podemos cometer os mesmos erros do passado. Vai servir de lição. Temos que entrar com força máxima, o mais ligado possível. Vai ser um jogo decidido em detalhes. Quem errar menos, vai sair com a vitória. Na minha cabeça, o time está confiante para uma decisão com força total, ligado 100%. Tomara que possamos ser abençoados e nos classificar - disse o jogador.
Júnior alerta: "Paciência sem marasmo, entusiasmo sem euforia"
Campeão da Libertadores em 1981, Júnior analisa a pressão na qual a equipe entrará em campo na noite desta quarta. Apesar de o torcedor naturalmente cobrar um Flamengo avassalador, o ex-lateral deixou claro que é preciso agir com cautela, mas, ao mesmo tempo, se impor.
- O time precisa jogar com inteligência, ter paciência sem marasmo, entusiasmo sem euforia. Principalmente, saber que terá 90 minutos para ganhar de 1 a 0, lembrando que o adversário tem qualidades. Não pode se deixar levar pela empolgação da torcida, que estará querendo ajudar desde o primeiro segundo. Eles têm que ir junto com o ritmo do time - analisou Júnior.
O comentarista da Rede Globo destacou a importância do trabalho da comissão técnica para evitar que a possibilidade de mais uma eliminação precoce na Libertadores mexa com o psicológico dos jogadores. Para ele, uma queda não pode ser vista como vexame. Por outro lado, a vaga tornará o Flamengo mais forte para o mata-mata.
- Quando se cria expectativa em relação à Libertadores, qualquer eliminação tem consequência. Não acredito que possa ter uma conotação de tragédia, além do fato de a comissão técnica estar fazendo um trabalho para que a ansiedade não passe da normalidade. Por outro lado, sem dúvida, pelas circunstâncias que essa classificação pode acontecer, será um aditivo muito forte para o final do campeonato - disse.
Na terceira posição do Grupo 7, com sete pontos conquistados, o Rubro-Negro precisa apenas vencer o León, em casa, para avançar às oitavas de final da Libertadores. A partida começa a partir das 19h45m (de Brasília).