Torcedor revela fraude de funcionário do Vasco; entenda o caso

O estatuto do Vasco proíbe eleitores inadimplentes

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Um torcedor do Vasco, que pediu para não ser identificado por medo de represálias, relatou que tornou-se sócio em 2016 após receber a seguinte proposta de um funcionário graúdo do clube: não precisaria pagar mensalidade e só teria direito a votar. Este torcedor é uma das 475 pessoas que votou na "urna da discórdia" da eleição do Vasco, cujos votos a oposição tenta anular, sob o argumento de que reunia sócios irregulares inseridos no quadro do clube para que votassem no atual presidente, Eurico Miranda.

Segundo o torcedor, que mora na Região Metropolitana do Rio, seu cadastro foi feito em novembro de 2016 - fora do período um ano de antecedência exigido para que um sócio pudesse votar na eleição de 2017. A carteirinha só chegou meses depois, com data retroativa para novembro de 2015, e apontando a categoria Geral, que já havia sido extinta quando o torcedor recebeu o convite. Além disso, a data que passou a constar na carteirinha cai em um feriado, dia que a secretaria do clube não funciona.

O estatuto do Vasco proíbe eleitores inadimplentes, controle que deve ser feito pela diretoria. Mesmo sem ter recebido boletos para pagar suas mensalidades, no entanto, o torcedor conta que não teve problemas para votar. Ele diz ainda que a única correspondência que recebeu do Vasco foi um programa de campanha de Eurico, dias antes da eleição. E que jamais foi à secretaria do clube: seu cadastro foi feito pelo funcionário em questão, cujo nome não será revelado para proteger a identidade do entrevistado.

— Eu não era exatamente contra o Eurico. Mas depois dessa proposta percebi que ele estava comprando votos. Se eu não aceitasse, eles falariam com outro e conseguiriam um voto para o Eurico. Então decidi aceitar, mas só para votar na oposição e fazê-lo pagar um voto contra ele mesmo. Foi o que eu fiz - disse o torcedor.

RELATOS SEMELHANTES

Relatos como esse de sócios que votaram na "urna da discórdia", como o torcedor em questão, têm aparecido desde a vitória de Eurico na eleição de terça-feira. Na quarta, o GLOBO falou com um sócio que estava na lista sub judice, pediu para não ser identificado e disse que é sócio há dois anos sem nunca ter pagado mensalidade, mas que não foi votar. Na sexta-feira, o programa "Globo Esporte" da TV Globo trouxe dois relatos semelhantes: torcedores que receberam propostas de associação com a ressalva de que não precisariam pagar nada. Todas as irregularidades citadas ocorreram com sócios cujo cadastro informado pelo clube ocorreu em novembro e dezembro de 2015, mês em que as associações dispararam.

Por suspeitar de irregularidades, devido ao movimento atípico de associação, a oposição conseguiu que todos os sócios ingressados nesses dois meses votassem em urna separada, que passará por perícia judicial. Sem o resultado na urna em questão, onde teve 90% dos votos, Eurico seria derrotado pelo candidato da oposição, Julio Brant. Agora, o Vasco terá que mostrar à Justiça os comprovantes de pagamentos dos sócios desta lista sub judice. A oposição suspeita que esses sócios foram "fantasmas" no balanço financeiro do clube.

- Quando tentei comprar ingresso para o jogo contra o Vitória (no dia 5 de novembro), na fila de sócio, a pessoa da bilheteria disse que eu não estava cadastrado. Minha carteirinha só serviu para votar. Isso foi mais tranquilo do que eu imaginava - relatou o torcedor.

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