Tite se emociona, segura choro e resume sentimento: ‘Obrigado’

Após três anos no Corinthians, técnico vive turbilhão de emoções em sua saída. Brincadeiras, tristeza e irritação compõem cenário do adeus

Tite se emocionou na despedida | Reprodução
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Enquanto as duas mãos repousavam cuidadosamente sobre a bancada da sala de imprensa do CT Joaquim Grava, os olhos de Tite procuravam um ponto fixo, sem destino, para evitar que as lágrimas começassem a escorrer em seu rosto. Emocionado após o anúncio de que não será o técnico do Corinthians em 2014, Tite fez o possível para segurar o choro durante entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira. Em seu momento mais ?crítico?, só conseguiu dizer uma palavra ? repetida três vezes ? para externar o sentimento em relação ao clube e à torcida:

- Obrigado, obrigado, obrigado.

Após um longo suspiro, o técnico levou uma das mãos ao rosto, limpou uma lágrima solitária, intrusa, e continuou a falar com os jornalistas. Mas não sem se emocionar a cada pergunta sobre sua história no clube. Ou se exaltar ao ser questionado sobre o empenho dos atletas nas rodadas finais do Campeonato Brasileiro. Uma mistura de emoções que, ele garante, nunca viveu em outro lugar.

Obrigado, obrigado, obrigado.

Tite

Talvez por isso, Tite tenha repetido tantas vezes que não irá comandar outro clube brasileiro no início de 2014. A ligação com o Corinthians nesses três anos foi visceral, a ponto de o técnico declarar que gostaria de ficar se o time conseguisse o quase milagre de uma vaga na Taça Libertadores do ano que vem.

- Ontem (quinta-feira) brinquei com o presidente Mário Gobbi. Vai que nos classificamos para a Libertadores... Aí me grudo naquele mastro no CT e ninguém me arranca daqui ? disse, aos risos.

Não é por falta de vontade que Tite não ficará no Corinthians. Mesmo assim, há o entendimento de que o futebol tem seus ciclos, que devem ser respeitados. A proximidade da família deu a base necessária para ele segurar a bronca quando virou alvo de dezenas de câmeras ávidas por uma declaração mais forte do quase ex-técnico alvinegro. Se dependesse da amada Rose, certamente os três anos dentro do clube se prolongariam.

Tite, com os olhos já vermelhos, as mãos trêmulas, reafirmou que a decisão da saída foi mais profissional do que pessoal. Ao seu lado, o presidente Mário Gobbi acenava positivamente, dando-lhe um tapinha carinhoso no ombro direito.

- Tem certos momentos e decisões que são únicos na vida. O lado familiar pesa, e a vontade deles era de que eu não saísse. Mas pesa mais a decisão do técnico, junto com a direção, que era o momento de terminar esse trabalho. Parem de pegar pelo lado da emoção que vocês vão me arrebentar ? brincou Tite.

O cenário de emoção permitiu ainda um momento de exaltação, quando o técnico foi questionado sobre as pretensões dos jogadores no fim do Brasileirão. Aí, o tom de voz se elevou, e Tite foi mais firme, exaltou o trabalho, esqueceu-se que seu ciclo no Corinthians só tem mais quatro jogos a serem cumpridos.

Minutos depois, porém, voltou a se dar conta de que era o fim. O quase fim. Afinal, ele quer o máximo de seu time nos compromissos que faltam. Para poder deixar o clube tranquilo, com sensação de missão cumprida. Como se já não tivesse conquistado o suficiente.

- Quero ter a mesma sensação de ir para casa, botar a cabeça no travesseiro e ficar em paz. Eu quero ter essa sensação no final ? afirmou.

Fim mesmo, só após o jogo contra o Náutico, dia 8 de dezembro, no Recife. Dia em que o técnico mais vitorioso do Corinthians vai deixar o clube pela porta da frente e deixá-la aberta, pronta para um retorno no futuro.

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