Thiago Neves faz planos para 2012 sem saber como 2011 vai terminar. O contrato de empréstimo do camisa 7 com o Flamengo chega ao fim no próximo dia 31. O clube tenta comprar os 90% dos direitos econômicos que são do Al Hilal, da Arábia Saudita. Quanto ao preço, tudo certo: R$ 18 milhões. Resta definir a forma de pagamento. O Rubro-Negro propôs pagar em mais de 12 meses, mas os árabes não aceitaram. Agora, as partes tentam chegar a um consenso.
- Estou bem tranquilo, sei que o Flamengo está fazendo força. Nas próximas semanas devem mandar outra proposta, e os árabes devem aceitar. Sei que o clube vai conseguir.
Thiago recebeu a reportagem do Globoesporte nesta quinta-feira na casa dele, na Barra Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Na conversa, também falou sobre o sonho de vencer a Libertadores. Em 2008, com o Fluminense, esteve muito perto do título, mas acabou vice-campeão.
- Nessa não quero bater na trave.
Para isso, conta com um time mais forte na próxima temporada. O meia disse que tem acompanhado a Central do Mercado, em especial as notícias sobre a crise entre Flamengo e Traffic que cerca Ronaldinho Gaúcho e coloca o futuro do meia no clube em dúvida.
- Dá medo perder o Gaúcho.
THIAGO NEVES: Foi porque quando cheguei sempre houve desconfiança por ter jogado no Fluminense. Achavam que eu não ia jogar no Flamengo, mas aos poucos fui me identificando, a torcida foi gostando, fui melhorando a cada jogo, as coisas foram acontecendo. Foi um ano muito bom mesmo. Jogar no Flamengo não é tão simples como em outro clube. Fui campeão carioca, brigamos pela Copa do Brasil, tentamos o título (Brasileirão) até as últimas rodadas, mas infelizmente não deu. Mas conseguimos uma vaga que é muito importante para o clube, era o que o clube queria para 2011. Todo mundo ficou muito feliz com isso. Agora, é pensar em 2012. Será um ano de competições boas, complicadas, mas o Flamengo tem tudo para se dar bem.
O fato de ter aguentado a pressão vai ajudar a suportar um 2012 que promete ser de muita cobrança?
Sei da responsabilidade, da cobrança que vamos enfrentar. Entro no novo ano sabendo como as coisas funcionam. A torcida, o clube. Isso é uma coisa boa. Ainda mais num ano com a Libertadores pela frente. O clube vai se esforçar para reforçar o elenco. Nós precisamos disso para jogar a Libertadores e o Brasileiro. Já tenho na minha cabeça o que devo fazer, sei o que tem que ser melhor em 2011 para ajudar o Flamengo a conquistar títulos.
Você faz projeções, mas ainda existe a dúvida sobre a sua permanência. Chegar a dezembro sem saber o que vai acontecer preocupa?
Eu estou bem tranquilo, sei o que o Flamengo está fazendo, a força que está fazendo. O Léo (Rabello, empresário de Thiago), também. Nas próximas semanas devem mandar outra proposta que os árabes devem aceitar. Sei que o Flamengo vai conseguir, já houve uma briga pior para eu sair do Hamburgo para Arábia. Não vai ser tranquilo, mas o Flamengo já fez proposta com o valor (R$ 18 milhões) e é só acertar o tempo de pagamento.
Seu empresário disse que vai prevalecer a sua vontade e que você não quer sair do Flamengo de jeito nenhum. É isso mesmo?
É isso. Foi assim desde o começo. No meio do ano, disse que não tinha como sair. Disse para ele começar a brigar porque eu queria ficar no Flamengo. Quero ficar, o clube sabe, o Léo sabe, os árabes sabem. Não quero voltar. Não tem como me tirar do Flamengo agora.
Você disputou só uma Libertadores na carreira e ela foi intensa. Chegou à final, foi destaque, mas bateu na trave. É uma competição que mexe com você?
Na primeira bati na trave. Se o Flamengo focar bem, se fizer o que fez no fim do ano, que foi se concentrar e brigar pela vaga, pelo time que tem, temos capacidade de brigar de novo. Esse ano vou entrar para ser campeão. Nesse não quero bater na trave.
Mas para isso o time precisa se encorpar.
Tem que ter reforços porque não podemos deixar o Brasileiro de lado. Vamos entrar com força máxima em cada jogo da Libertadores, como se fosse final. O Vanderlei (Luxemburgo) já pediu algumas peças para algumas posições, ele sabe o que precisa. Que o clube faça uma forcinha para que 2012 seja melhor. Esperamos chegar no fim do ano com o título carioca, a Libertadores e brigando pelo Brasileiro.
E tem uma peça importante que precisa ser mantida. Imagino que você esteja na torcida para que o seu parceiro fique. Está acompanhado esse caso? Tem medo que o Ronaldinho saia?
Dá medo perder o Gaúcho. Ninguém quer perder. Se o Flamengo perder, alguém pega ele rapidinho. Queremos que ele fique, ele quer ficar, é o clube dele, está muito bem no Rio. Depois de ficar muito tempo fora, é normal que em algum momento você caia de rendimento, sinta a diferença. Em algum momento ele se perdeu, mas ele sabe da responsabilidade que tem. O ano de 2012 vai ser melhor para ele, para nós. A gente precisa dele. Não só eu, mas os jogadores e o clube também.
O ano vai começar logo com uma decisão. Dia 25 de janeiro, o Flamengo enfrenta o Real Potosí, na altitude (4.000 metros). Você jogou em Quito contra a LDU, a 2.800 metros, com o Fluminense. Assusta?
Assusta um pouco, mas senti só quando cheguei. Depois, fui me adaptando, não senti nada no jogo. Se chegar uns dias antes, você vai se adaptando. O Vanderlei vai fazer uma programação boa para a gente. Com o Fluminense chegamos dois dias antes, teve um treino no hotel no mesmo dia, depois um treino no estádio onde jogaríamos. É complicado. Tem gente que sente. O galãozinho (de oxigênio) vai estar ali fora porque vai faltar ar.
E como vai ser encarar uma decisão logo no início do ano?
Se não me engano, é o segundo jogo do ano (o primeiro será contra o Bonsucesso, pelo Carioca, dia 21). É complicado, o time ainda não está entrosado, não está no melhor da parte física. Temos um exemplo que é o Corinthians, que deu uma tropeçada no começo deste ano (eliminado na primeira fase pelo Tolima, da Colômbia). Não adianta fazer tudo o que fizemos nesse ano, correr atrás da vaga, classificar, e nesses dois jogos ficar fora da fase de grupos. A pré-temporada tem que ser importante para todo mundo porque o segundo jogo do ano já é o mais importante.