Realizar sonhos quase nunca é uma tarefa fácil. No esporte, costuma ser um peso a mais para competidores de alto rendimento. É assim com Monik Santos, de 24 anos. Surfista pernambucana das boas, foi tão bem na temporada de 2018, que se propôs um desafio em 2019. Com resultados sólidos nas etapas da divisão de acesso do circuito mundial, realizadas no Brasil, renovou metas e decidiu partir para voos mais altos. Com destino à Austrália, onde vai iniciar a luta por uma vaga entre as melhores do planeta, em 2020. E dinheiro para tudo isso? Sem patrocínio, recorreu a uma vaquinha virtual para financiar expetativas bem reais.
Para arcar com as despesas, Monik precisa de R$ 10 mil. Com viagem marcada para o dia 11 de fevereiro, corre contra o tempo – até agora, arrecadou pouco mais de 10% da cota necessária. Entre aqui e saiba como ajudar.
- Como se trata de um sonho, a gente nem pensa direito. Já comprei as passagens, fiz uma loucura, mas vamos ver no que dá. Estou muito feliz por essa primeira conquista. A confiança no próprio potencial aumentou nos últimos meses. Em 2018, o surfe feminino teve um reaquecimento no Brasil – após cinco anos de quase nulidade. Fora duas etapas do Campeonato Brasileiro, foram realizados quatro eventos internacionais. Monik fez três finais e sagrou-se campeã em um deles. O sucesso catapultou a pernambucana à quarta colocação no ranking sul-americano. Um aviso para dar um passo mais largo.
A necessidade de iniciar a temporada na Austrália é técnica. Os eventos de lá, neste início de temporada, distribuem mais dinheiro de premiação e, consequentemente, mais pontos na classificação. As etapas disputadas por Monik, no Brasil, no ano passado, registraram números módicos. Como se trata de um reaquecimento, os patrocinadores optaram por eventos menos onerosos. Pouco valiosos, interferem quase nada no sobe e desce do ranking da categoria.
Para ela, no entanto, serviu para aferir - por que não ratificar? - a qualidade como surfista. - Quando fiz as finais do WQS, ganhei uma confiança extra. Sabia que surfava bem. Antes, muitas vezes, perdia para mim mesma. Abri os olhos e senti que podia bater de frente com outras surfistas, dar trabalho. Além disso, minha família me motivou muito.
Com duas brasileiras na elite mundial, Silvana Lima e Tatiana Weston-Webb – essa última residente no Havaí desde a infância -, Monik confia na qualidade das atletas nacionais. Falta, na opinião da local de Maracaípe, o mesmo investimento feito nos meninos. Em termos comparativos, entre os 42 melhores do planeta, entre os homens, dez são brasucas - um deles, Gabriel Medina, o atual campeão mundial.
- Temos essa dificuldade. Falta patrocínio, oportunidade para as meninas. Se houvesse um investimento igual ao visto nos homens, teríamos um número maior de brasileiras, na elite do surfe mundial. Para isso, é preciso suporte. Na Austrália, a meta é chegar bem física e mentalmente. E acreditar no sonho. Se eu me dedicar, sei que tudo vai dar certo.