A postura do Fluminense voltou a surpreender no jogo de ida da final do Campeonato Carioca. Mesmo com a derrota por 2 a 1, o time deixou o gramado do Maracanã com motivos para ter confiança num duelo aberto diante do Flamengo, ainda favorito e com a vantagem do empate.
Para quarta-feira, às 21h (de Brasília), Odair Hellmann tem a missão de dar equilíbrio a um sistema que alternou entre força defensiva e pressão no ataque.
O que deve ser mantido?
O jogo apoiado nas pontas. Crucial para conter a subida dos laterais do Flamengo. Marcos Paulo, em especial, prendeu Rafinha na primeira etapa e criou chances. O garoto, aos poucos, cresce na função pelos lados do campo.
A velocidade na transição defesa-ataque. Não funcionou no primeiro tempo e deixou a equipe presa atrás, mas encaixou após o intervalo. Dodi chamou a responsabilidade e trouxe junto Yago e Nenê, que cresceram de rendimento.
O gosto pela posse de bola. O Fluminense não precisa abraçar a cultura do tiki-taka - teria dificuldades óbvias para tal -, mas pode chegar com troca de passes como fez no segundo tempo. Para não correr maiores riscos, basta aproximar os jogadores em campo.
O que precisa arrumar?
A avenida nas costas dos laterais. Gilberto e Egídio não podem abrir mão da característica ofensiva, mas não tem sistema defensivo que suporte as subidas durante 90 minutos. Odair precisa equilibrar o avanço e reforçar a cobertura com Hudson e mais um homem do trinco de meio.
O espaço dos jogadores do Flamengo com a bola. O Fluminense sofreu o segundo gol por um erro coletivo num contra-ataque após um escanteio a favor - já tinha provado do veneno contra o Volta Redonda em lance semelhante. Até mais do que a falta de malandragem de Egídio, chamou a atenção a tranquilidade que teve Rafinha para fazer o lançamento. O time precisa diminuir o espaço do adversário, que tem peças capazes de resolver com tempo para pensar.
O jogo físico contra Pedro. O camisa 9 do Flamengo foi a principal ameaça ao sistema defensivo no 1º tempo. Matheus Ferraz teve dificuldades com a movimentação do atacante, que ainda aproveitou espaço deixado por Gilberto para balançar a rede. A possível volta de Nino pode ser determinante. Mais rápido, vai bem no duelo de contato e tem boa leitura.
O aproveitamento nas finalizações. Contra o sistema de Jorge Jesus, criar chances é raro. O Fluminense construiu cinco bons momentos, mas pecou no arremate e só guardou uma - sem tirar os méritos de Diego Alves. É pouco para quem quer traduzir o desempenho em vantagem no placar.
As substituições. O elenco é enxuto e até por isso as mexidas precisam ser eficazes, principalmente na reta final do jogo. Sem Wellington Silva (positivo no teste do coronavírus), Pacheco e Michel Araújo são as primeiras cartas. Yuri é a peça para contenção. Pelo desenho do duelo, Caio Paulista - nitidamente afobado - destoa. Foi assim na quarta e também no domingo. A força física não justifica os minutos a mais do que, por exemplo, Miguel.