A permanência de Ednaldo Rodrigues à frente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) está por um fio. O dirigente, que havia assegurado sua continuidade no cargo por meio de um acordo homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), perdeu apoio crucial entre ministros da Corte e agora enfrenta uma nova ofensiva jurídica que pode tirá-lo do comando da entidade antes mesmo do julgamento marcado para 28 de maio.
Segundo apuração do Portal LeoDias, Ednaldo já não conta com o respaldo do ministro Gilmar Mendes, um dos principais responsáveis por mantê-lo no cargo. A relação entre ambos se desgastou após a revelação de que o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), do qual Gilmar é sócio, mantém um contrato milionário com a CBF para a operação da CBF Academy. A exposição pública da ligação irritou o ministro, que passou a se distanciar politicamente de Ednaldo.
Além disso, o descumprimento de compromissos firmados antes da última eleição interna da CBF aumentou o desgaste. Ednaldo havia prometido indicar três nomes sugeridos por Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso para três das oito vice-presidências da CBF, mas apenas um dos indicados foi nomeado.
Assinatura sob suspeita pode anular reeleição
A crise se aprofundou com a revelação de que a assinatura do ex-presidente da CBF, Coronel Nunes, usada para validar o acordo que sustentou a reeleição de Ednaldo, pode ter sido falsificada. Um laudo pericial indica que Nunes não tinha condições cognitivas de assinar o documento e sugere que o ato não foi feito de forma livre e consciente.
Segundo o neurologista Jorge Pagura, autor de um laudo de 2023, Nunes sofre de ataxia e tem um “déficit cognitivo progressivo”. Familiares também confirmam que o ex-dirigente depende da esposa e da filha para realizar atividades básicas do dia a dia. A possível falsificação pode anular o acordo que validou as eleições de 2022 e 2025 e, com isso, derrubar Ednaldo da presidência.
A gravidade da situação motivou a deputada federal Daniela Carneiro (União Brasil-RJ) a entrar com uma petição no STF pedindo o afastamento imediato de Ednaldo Rodrigues. A ação anexa o laudo pericial e sustenta que há "fatos novos e de extrema relevância" que exigem a revisão da homologação feita em fevereiro.
A perícia foi encomendada pelo vereador Marcos Dias (Podemos-RJ), que também encaminhou a documentação ao Ministério Público para que seja aberta uma investigação criminal.
Decisão do STF sai em maio
O imbróglio jurídico remonta ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pela CBF com o Ministério Público do Rio de Janeiro em 2017, cujo objetivo era reformar o estatuto da entidade e equilibrar o poder entre clubes e federações. Esse acordo foi anulado pela Justiça estadual em 2023, o que resultou no afastamento temporário de Ednaldo.
Contudo, ele retornou ao cargo em janeiro de 2024 por força de uma liminar concedida por Gilmar Mendes. Em fevereiro, o STF homologou novo acordo assinado por cinco dirigentes, entre eles, Coronel Nunes e arquivou o processo. Com a nova denúncia de falsidade na assinatura, a legitimidade do pacto volta ao centro do debate.
O julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade, que pode selar o destino de Ednaldo Rodrigues, está marcado para o próximo dia 28. Até lá, cresce o cerco político e jurídico contra o dirigente, que também enfrenta cobranças por ainda não ter definido um novo técnico para a Seleção Brasileira, três meses após a saída de Dorival Júnior.