Durante anos o sociólogo argentino Sergio Levinsky acreditou ser possível salvar o futebol de seu país do fenômeno da violência dos barras bravas. Tanto empenho, porém, foi diminuindo a medida que se deparava com um cenário, segundo ele, de cumplicidade entre a política e os baderneiros. Os obstáculos o fizeram abandonar a luta e, hoje, o sociólogo sentencia que o problema da violência no futebol argentino "não tem solução".
- Não tem solução. Militei durante muito tempo em uma ONG que se chama "Salvemos o Futebol", mas depois percebi que era impossível continuar. Fiquei cansado de trabalhar sem encontrar solução alguma. Na Argentina não há vontade política para se encontrar uma solução. Hoje, para ser um político argentino, é preciso ter uma barra-brava, um grupo de ultra-violentos, para lhe fazer serviços. Senão você não chega ao poder. Então, é impossível que estes mesmos dirigentes lutem contra estes barras-bravas. Quando não há vontade é preciso mudar - considerou.
Levinsky afirma que o futebol argentino chegou ao fundo do poço e isso representa uma falência social do país. Para o sociólogo, o comportamento dos torcedores na Bombonera foi uma demonstração da realidade local e ele diz isso não apenas pelo fato que motivou a suspensão, depois que jogadores do River Plate foram atingidos por spray de pimenta quando voltavam a campo após o intervalo.