O Santos precisou dos pênaltis para conseguir uma classificação dramática sobre o Vélez Sarsfield na Vila Belmiro nesta quinta-feira, avançar à semifinal da Copa Libertadores e garantir um clube brasileiro na decisão continental. Depois de uma vitória por 1 a 0 no tempo normal, os atuais campeões sul-americanos levaram a melhor por 4 a 2 no desempate a confirmaram o clássico com o Corinthians na fase seguinte.
Os argentinos, que haviam vencido o jogo de ida em Buenos Aires por 1 a 0 na semana passada, se seguraram como puderam na Vila e fizeram uma boa partida defensivamente - a marcação aguerrida não diminuiu nem mesmo quando o goleiro Marcelo Barovero foi expulso aos 39min do primeiro tempo, por falta dura em Neymar fora da área. No entanto, o técnico Muricy Ramalho resolveu colocar o Santos para o ataque e conseguiu o gol salvador aos 32min, com o atacante Alan Kardec - após jogada de Paulo Henrique Ganso e assistência de Léo.
Nos pênaltis, o time brasileiro contou com Alan Kardec, Ganso, Elano e Léo para marcar - Héctor Canteros isolou para os argentinos e Emiliano Papa teve a cobrança defendida por Rafael. Agora, o Santos fará o duelo paulista com o rival Corinthians, que na quarta havia eliminado o Vasco com igual dose de drama - Paulinho marcou o gol da vitória somente aos 42min do segundo tempo no Pacaembu. Do outro lado da chave, o Boca Juniors aguarda o vencedor do choque entre Universidad de Chile e Libertad, ainda nesta quinta.
Marcação pressão e goleiro expulso
O Santos passou uma falsa impressão de que teria facilidade em chegar ao gol do Vélez após uma chance de muito perigo logo no primeiro minuto de jogo. Elano cobrou falta da esquerda e jogou na cabeça de Edu Dracena, que raspou na bola e jogou ao lado do gol defendido por Marcelo Barovero, com muito perigo.
Mas a equipe argentina repetiu a tática da partida passada, em Buenos Aires, e praticamente anulou o Santos com uma marcação sob pressão. Em qualquer parte do gramado da Vila Belmiro era possível ver que pelo menos cinco jogadores do Vélez próximos à bola. Chances ofensivas lúcidas eram raridade para as duas equipes, e o jogo ficou extremamente truncado.
O Santos, então, abriu mão temporariamente do toque de bola trabalhado e viu resultados mais eficientes quando arriscou a ligação direta, forçando Barovero a jogar fora da área. Na primeira o goleiro conseguiu afastar com os pés e impedir a chegada de Alan Kardec, mas na segunda cometeu uma falta muito dura em Neymar e acabou recebendo o cartão vermelho direto, aos 39min.
O técnico Ricardo Gareca se viu obrigado a sacar o atacante Mauro Obolo e colocar o goleiro reserva Germán Montoya, que pouco teve trabalho até o intervalo: Elano cobrou duas faltas mais à base da força do que no jeito, errou o alvo, e o placar seguiu empatado sem gols.
Vélez começa pressionando, mas Santos força pênaltis
Apesar da desvantagem numérica em campo, a tática do Vélez aparentemente não foi prejudicada: os argentinos seguiram marcando forte e dificultando a criação de jogadas do Santos. Além do mais, as melhores jogadas nos minutos iniciais da etapa decisiva foram criadas pelos visitantes.
Primeiro, aos 8min, Augusto Fernández tentou uma jogada improvável e arriscou quase da risca lateral do meio do campo e Rafael, adiantado, teve trabalho para impedir o golaço e jogar para escanteio. Já aos 10min, o atacante Juan Manuel Martínez se livrou da marcação e disparou em contragolpe, mas demorou para concluir: ele abriu para Fernández, que chutou com perigo e acertou o lado externo da rede.
O Santos continuava inexpressivo ofensivamente e tinha nítidas dificuldades para criar, quando Muricy resolveu deixar o time mais ofensivo: ele sacou o volante Adriano, já pendurado com o cartão amarelo, e apostou na entrada do atacante colombiano Wason Rentería aos 18min - mais tarde, o treinador alvinegro optou por uma troca na lateral esquerda, colocando Léo no lugar de Juan.
A mudança, feita aos 18min, só surtiu resultados a partir dos 26min: primeiro foi Ganso, que pegou firme de fora da área e Montoya fez grande defesa. Depois, Rentería invadiu a área e foi tocado por trás por Fernando Ortiz - o árbitro Mauricio Espinoza ignorou os protestos por pênalti e sinalizou apenas tiro de meta. Depois, aos 30min, Alan Kardec jogou em cima do goleiro a melhor oportunidade até então: livre e cara a cara com o arqueiro argentino, o camisa 19 bateu mal, no meio, e facilitou para a defesa.
Mas Kardec foi premiado com mais uma oportunidade - mais complicada, inclusive -, mas não cometeu novo erro. Ganso enfiou na área para Léo, que ajeitou para o camisa 19, destro, bater de esquerda no canto, fora do alcance de Montoya, abrindo o placar e inflamando a Vila Belmiro. O Santos, porém, não conseguiu marcar o segundo para evitar as penalidades e precisou realizar o desempate.
Ficha técnica
SANTOS (4) 1 x 0 (2) VÉLEZ SARSFIELD
Gols
SANTOS:
Alan Kardec, aos 32min do 2º tempo
SANTOS: Rafael; Henrique (Maranhão), Edu Dracena, Durval e Juan (Léo); Arouca (Wason Rentería), Adriano, Elano e Paulo Henrique Ganso; Neymar e Alan Kardec
Treinador: Muricy Ramalho
VÉLEZ SARSFIELD: Marcelo Barovero; Gino Peruzzi, Fernando Ortiz, Sebá Domínguez e Emiliano Papa; Augusto Fernández (Hector Canteros), Fabián Cubero, Víctor Zapata e Alejandro Cabral (Iván Bella); Juan Manuel Martínez e Mauro Obolo (Germán Montoya)
Treinador: Ricardo Gareca
Cartões amarelos
SANTOS: Adriano, Arouca, Neymar, Alan Kardec
VÉLEZ SARSFIELD: Fernández, Cabral
Cartões amarelos
VÉLEZ SARSFIELD: Barovero
Árbitro
Mauricio Espinoza
Local
Vila Belmiro, em Santos (SP)