Milhares de apitos. Vaias. Xingamentos. Na orquestra formada pela torcida do Flamengo para o reencontro com Ronaldinho Gaúcho, o maestro foi dispensado. Gargantas e instrumentos afinados. Na noite de quarta-feira, porém, o repertório não teve apenas perseguição ao ex-camisa 10. Outros hits embalaram os torcedores no Engenhão. Primeiro, o coro de ?O Imperador voltou?; depois, o ritmo do funk com ?Só Love, só Love?, em homenagem ao atacante que fez belo gol ? o primeiro da vitória. No fim, com o placar de 2 a 1 (assista ao vídeo com as reações da torcida), o hino do clube deu o tom final da festa.
Antes do jogo, no entorno do Engenhão, torcedores munidos de apitos faziam barulho no aquecimento para recepcionar Ronaldinho Gaúcho. Quando chegou ao estádio, o jogador, sentado ao lado de Jô, sorria e batia um ritmo de samba na palma da mão.
Algumas crianças de uma escolinha do Flamengo que gritavam ?volta para o Mengão? foram repreendidas pelo instrutor.
- Para com isso, para ? determinou.
Na descida do ônibus, o camisa 49 do Atlético-MG ouviu alguns poucos gritos de ?traidor?, mas não perdeu o sorriso.
Nota falsa
Quando o nome de Ronaldinho apareceu no placar do Engenhão, óbvias vaias. Com o jogador em campo, a torcida estendeu uma faixa com referência à ação de R$ 40 milhões que o meia-atacante cobra do clube na Justiça: ?Uma Nação de 40 milhões de apaixonados?.
No meio dos torcedores logo surgiu uma imensa reprodução de uma nota de R$ 100 com o símbolo de negativo na frente do valor, e uma caricatura de Ronaldinho. De grande contratação em 2011, o jogador passou a moeda falsa para os torcedores.
Depois de cantar a escalação do time, foi a vez de saudar o novo velho ídolo Adriano.
- Ô, Imperador voltou ? entoaram os rubro-negros, mesmo sem saberem a data, ainda incerta, de estreia do atacante.
Logo no primeiro lance da partida, Ronaldinho arrancou uma lasca do gramado e não conseguiu dominar a bola. Foi o suficiente para a torcida vibrar. Mais do que perseguir o craque atleticano, os torcedores do Fla apoiavam o time rubro-negro como há tempos não se via.
Aos 20 minutos, explosão. Depois de Vagner Love abrir o placar com belo gol, o funk virou ritmo da arquibancada, com os gritos de ?Só Love, só Love?.
Na volta do intervalo, mais gritos de ?Ronaldinho, vai se f..., o Flamengo não precisa de você?.
Mas, aos 4 minutos, Jô deixou tudo igual. Silêncio do lado rubro-negro no Engenhão, festa da torcida do Galo que compareceu em bom número - foram colocados dois mil ingressos à venda para os visitantes.
Aos dez minutos, a festa mudou de lado novamente. Depois de cruzamento de Wellington Silva, Liedson colocou o time em vantagem: 2 a 1. Foi a vez de a torcida do Fla cantar o hino do clube a plenos pulmões.
Até o fim do jogo, os torcedores seguiram empurrando o time, com vaias e xingamentos para Ronaldinho. Até mesmo um inconveniente laser verde rondou o rosto do camisa 49. Nos minutos finais, um grito de ?olé? foi ensaiado.
- Acho que a torcida do Flamengo não precisa de apresentação, já sabemos o que ela representa. O início da reação em Goiânia bastou para motivar o torcedor. Eles estavam esperando uma resposta da equipe. A torcida do Flamengo sempre carregou e elevou o time a grandes conquistas. Ela precisava de uma reação da equipe, isso tinha de ser mostrado. Esperamos manter essa unidade ? afirmou Dorival Júnior.
Com público pagante 34.116 (39.060 presentes), a unidade foi mantida diante do Atlético-MG e todos com o mesmo pensamento: vencer o jogo. E vaiar Ronaldinho.