Na chegada do Corinthians ao Paraguai, Ronaldo parecia prever que o fim do jejum de cinco jogos sem marcar estava próximo. Despreocupado e com um discurso otimista, o Fenômeno confiava em seu histórico de artilheiro para quebrar a série negativa. E com razão. Com uma atuação discreta, mas mostrando o velho faro de gol, o camisa 9 precisou de apenas uma chance para marcar e garantir a vitória do Corinthians por 1 a 0 sobre o Cerro Porteño, na noite desta quarta-feira, no estádio Defensores del Chaco, em Assunção, pela Taça Libertadores.
O resultado põe a equipe dirigida pelo técnico Mano Menezes em uma condição muito confortável no Grupo 1. O Timão segue firme rumo às oitavas de final. É líder invicto da chave, com sete pontos, e pode terminar o "primeiro turno" com boa vantagem sobre os rivais. Para isso, basta torcer por um empate entre Racing de Montevidéu, segundo colocado (três pontos), e Independiente Medellín, terceiro (dois). As duas equipe se enfrentam nesta quinta-feira, às 23h45m (de Brasília), na Colômbia. Já o Cerro Porteño continua segurando a lanterna, com somente um ponto.
Agora, o Corinthians terá no Pacaembu a chance de ficar ainda mais perto da segunda fase da competição sul-americana. No dia 1º de abril, enfrenta novamente o Cerro, às 19h15m (de Brasília). A equipe, no entanto, volta a campo antes disso, pelo Campeonato Paulista. Neste domingo, enfrenta o Grêmio Prudente, às 17h, no estádio Eduardo José Farah, em Presidente Prudente.
Ronaldo: uma chance, um gol
A tão esperada pressão do Cerro Porteño nos primeiros minutos de jogo não aconteceu. Apesar do domínio de bola, os paraguaios esbarraram na boa marcação do Corinthians. Com Danilo no lugar de Jorge Henrique, Mano Menezes deu ao Timão uma característica mais cadenciada. Mesmo assim, a equipe criou grande chance logo aos sete minutos. Roberto Carlos deu lindo passe para Elias invadir livre a área e bater no canto direito. Barreto defendeu.
Com problemas para atacar pelo meio-campo, o Cerro passou a explorar as laterais, principalmente em cima de Moacir, escalado no lugar de Alessandro, machucado. Foi exatamente por lá que os donos da casa responderam com perigo, aos 13. Piris fez o levantamento com precisão, a zaga não subiu, e Zeballos cabeceou para o chão. Felipe, bem colocado, segurou.
Apesar de toda a promessa dos paraguaios de jogar violentamente, se necessário, foi o Corinthians que mostrou certo nervosismo. Até os 20 minutos, Dentinho, Moacir e Jucilei já haviam recebido cartão amarelo. Jogando futebol, no entanto, este último quase fez um golaço. Aos 22, ele arrancou da defesa, tabelou com Elias e, da entrada da área, bateu com estilo, quase acertando o ângulo esquerdo do goleiro rival.
O Cerro também precisou de um jogador de marcação para fazer Felipe trabalhar. Nuñez, aos 32, por muito pouco não abriu o placar. Ele recebeu na intermediária, avançou e chutou rasteiro. No meio do caminho, a bola desviou em Chicão, mas o camisa 1 alvinegro conseguiu defender com os pés, mandando para fora.
Mas, quando o assunto é gol, Ronaldo não pode ser esquecido. A atuação do Fenômeno, outra vez, não era das melhores. Mesmo tendo a aproximação dos companheiros, como Mano Menezes prometera, o Fenômeno pouco havia aparecido. Entretanto, precisou de apenas um lance para colocar os brasileiros em vantagem, aos 40. Dentinho bateu escanteio, Danilo tocou de calcanhar, e o camisa 9, posicionado na segunda trave, mandou para as redes. Fim do jejum de cinco jogos, e explosão da Fiel, presente em bom número ao Defensores del Chaco.
- O gol foi num momento importante do jogo, no fim do primeiro tempo. Vamos nos recuperar agora e voltar para o segundo tempo para acertar algumas coisas - disse o Fenômeno à TV Globo na saída para o intervalo.
Timão se defende e garante triunfo
O segundo tempo começou como os próprios jogadores do Corinthians previam: com pressão dos donos da casa. Logo aos três minutos, um susto dos paraguaios. Nuñez bateu forte de fora da área, Felipe não segurou e dividiu com Zeballos. No rebote, "El Tigre" Ramírez, ex-Flamengo, chutou por cima.
A equipe de Assunção, porém, não conseguiu dar prosseguimento ao sufoco. Na proteção a Chicão e William, Moacir e Roberto Carlos praticamente não deixaram o campo de defesa. Até mesmo Ronaldo chegou a passar por várias vezes pela linha do meio de campo para reforçar a marcação e armar os contra-ataques. Para aumentar a velocidade, Mano sacou Dentinho e colocou Jorge Henrique.
Somente aos 27 minutos, o Cerro Porteño apareceu com perigo novamente. Ereros deu belo passe nas costas da zaga para Julio dos Santos. O meia recebeu em posição legal, driblou Felipe, mas Roberto Carlos, de carrinho, fez o corte antes que ele empurasse a bola para o gol. O árbitro, contudo, já marcava erradamente o impedimento.
Com a entrada de Tcheco no lugar de Danilo, o Corinthians passou a tocar a bola e a gastar o tempo. A situação brasileira ficou ainda mais cômoda aos 37, quando Jorge Britez foi expulso por reclamação e deixou o time local com dez jogadores em campo. Pouco depois, Mano sacou Ronaldo e mandou Souza a campo.
A partir dos 40 minutos, o Timão prendeu a bola no ataque para não ser pressionado. A estratégia deu certo. Sem força ofensiva, o Cerro praticamente não ofereceu perigo para um Corinthians cada vez mais perto de avançar às oitavas de final da Libertadores.