Não foi por medo de ficar fora da Copa do Mundo que Robinho aceitou voltar ao Santos neste início de 2010. Ansioso pela convocação do técnico Dunga para o amistoso da seleção brasileira contra a Irlanda, que será divulgada nesta terça-feira, às 11h (de Brasília), na sede da CBF, no Rio de Janeiro, o Rei das Pedaladas revelou, no programa "Bem, Amigos", do SporTV, nesta segunda-feira, que retornou ao Brasil para adquirir ritmo de jogo e chegar tinindo na África do Sul. O que seria improvável se continuasse no Manchester City, onde amargava a reserva do time comandado por Roberto Mancini.
Mas a seleção não foi o único assunto da noite. Como não poderia deixar de ser, o atacante, que marcou um golaço de letra na vitória por 2 a 1 sobre o São Paulo, no domingo, admitiu que também foi pego de surpresa pela polêmica cobrança de pênalti de Neymar - que teve direito a uma exagerada paradinha e gerou reclamação dos tricolores.
- Acho que o Rogério Ceni não esperava mesmo. O Neymar foi muito bem na paradinha. Acho que é válido. É complicado. Claro que eu nao sou goleiro, mas o Neymar enganou até a mim - disse.
O atacante, que revelou ter sido aconselhado pelo próprio Dunga a "buscar a felicidade", garantiu não ter optado pelo retorno ao clube em que foi revelado por temer ficar fora do grupo que disputará o Mundial.
- Eu não voltei por medo de ficar fora (da Copa). Assinei com o Santos para poder jogar, adquirir ritmo. Meu medo era chegar à Copa sem estar na condição ideal - explicou, em conversa com o GLOBOESPORTE.COM antes de sua participação no programa.
A segurança de Robinho sobre sua presença no Mundial se justifica. Desde a Copa América de 2007, quando assumiu a responsabilidade de ser a estrela da seleção que acabaria conquistando o título (Kaká e Ronaldinho Gaúcho se recusaram a participar da competição realizada na Venezuela), o jogador caiu nas graças de Dunga. Acabou virando um homem de confiança do treinador. O que o jogador quer dizer quando fala em apreensão é sobre sua condição física e técnica.
O jogo contra a seleção irlandesa, dia 2 de março, em Londres, é o último antes da estreia do Brasil no Mundial, dia 15 de junho, contra a Coreia do Norte.
- Com certeza vai ser uma convocação importante. É a última antes da Copa. Então, muita coisa vai ser decidida. Acredito que o grupo está praticamente definido. Claro que tem uma ansiedade, mas estou confiante - afirmou.
O atacante declarou que quer fazer mais que marcar presença na competição. Preocupado em não ser mal-interpretado, Robinho fala sobre sua meta ambiciosa: ser o melhor jogador da Copa.
- Me preparo mentalmente, me imagino levantando a taça, e fisicamente, treinando todo dia, me alimentando bem e me cuidando. É claro que, quando eu falo que quero ser o melhor, pode dar a impressão de que eu vou ser mascarado e não vou passar a bola para ninguém. Mas não é isso. Independentemente de quem fizer o gol, o importante é que ele saia. Acho que estou em uma idade boa, estou bem, tenho a confiança do treinador e esse é o meu objetivo.
Durante o programa, Robinho explicou como aconteceu a negociação para que o City o liberasse para retornar ao Peixe, e revelou a conversa com o técnico Roberto Mancini, que não pretendia usá-lo como titular na temporada.
- Os diretores do Santos sempre ligavam e falavam com o meu pai. Quando eu jogava mal, eles já ligavam (risos). Estavam atentos. Eu fui falar com o treinador (Roberto Mancini, do Manchester City) e ele foi sincero e disse: "Vou fazer essas rotações, você não vai ser titular do meu time?. Eu também fui sincero e disse que para mim isso não servia, pois estou prestes a disputar uma Copa do Mundo e preciso de ritmo de jogo. Então, ele disse que não me causaria problemas. Tem muito treinador que não coloca o cara para jogar, mas não o deixa ir embora. Para mim isso seria prejudicial.
Robinho deixou o Santos aos 21 anos, rumo ao Real Madrid. Perguntado sobre que conselhos daria aos novos ?meninos da Vila?, Neymar e Ganso, o atacante sugeriu cautela.
- Já conversei com eles. Acho que precisam ter calma. A Europa para eles é uma coisa normal. Eles não têm que ter pressa para sair. Muita gente vê a Europa e acha que são mil maravilhas, por conta da Liga dos Campeões, do marketing, da estrutura. Mas nao é tão fácil assim. Você vai ganhar bem, ter mais segurança de vida, mas tem o lado ruim, que é estar em um país diferente, com outro idioma, em um time que de repente não está tão bem entrosado. No meu time (Manchester City), eu jogava quase de quarto homem de meio-campo, de volante, lá atrás, e tinha que me virar. Também tem que dar sorte de cair em um time bom, com pessoas para te ajudar. Tem que ter tranquilidade.
Sem se esquivar de perguntas mais polêmicas, Robinho mostrou que não tem dúvidas quando a questão é a presença de Ronaldo na seleção.
- Eu convocaria porque ele é meu ídolo. Ele é o Fenômeno, meu professor. Ele é uma estrela de grupo. Se chegar na seleção, vai ser acolhido por todo mundo.
Nem mesmo sua conturbada saída do Real Madrid, de onde se transferiu para o Manchester City, foi assunto evitado pelo craque santista, que demonstrou arrependimento, mas explicou a situação, que na época envolvia o interesse na contratação do português Cristiano Ronaldo.
- A minha relação não era legal com os dirigentes do Real Madrid. Eu errei ao sair daquela maneira. Eu sei que eu tinha razão, mas para o clube não é bom. O torcedor paga ingresso, às vezes deixa de comer para nos ver jogar e nunca vai entender esse lado. Ele é Real Madrid, independentemente de eu estar certo ou errado.