Antes mesmo de ir para Miami, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, iniciou movimento para refazer sua base de apoio político dentro da confederação e estancar a insurgência contra ele entre as federações estaduais.
A rebelião começou com as notícias de que ele renunciaria e com denúncias publicadas pela Folha que demonstraram sua ligação com a Ailanto Marketing, empresa suspeita de superfaturar amistoso da seleção.
A partir daí, dirigentes de federações passaram a disputar o poder contando com sua saída. Federações de Rio Grande do Sul e Bahia lideram esse movimento de oposição. Do outro lado, São Paulo almejava o poder por meio do vice José Maria Marin.
Mas a reportagem apurou que, ainda na sexta-feira, Teixeira iniciou uma rodada de ligações para presidentes de federações antes de viajar para Miami para ver a família.
Assim, atendia pleito dos cartolas que reclamavam da falta de informações vindas do Rio de Janeiro. Antes, só o paulista Marco Polo del Nero teve acesso ao cartola.
Nas conversas, Teixeira tentou deixar claro que não pensa em sair da confederação. A partir daí, houve dirigentes que não viram mais sentido na briga pelo poder.
As ligações telefônicas envolveram até diálogos prosaicos sobre os Estaduais e a situação dos clubes locais.
Ao final, Teixeira prometeu retomar o contato assim que retornasse de Miami. Há a possibilidade dele marcar uma assembleia geral. Assim, abafaria outra reunião marcada pelos cartolas opositores na confederação.
O movimento de Teixeira para acabar com a insurgência é respaldado por sua força financeira e a situação precária das filiadas.
A Folha levantou que a receita de 13 federações juntas --incluindo as mais fortes, como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul-- somou cerca de R$ 70 milhões no ano de 2010. A maioria delas é deficitária.
No mesmo ano, a CBF arrecadou cerca de R$ 260 milhões, com superávit.
A confederação dá repasses a federações de cerca de R$ 400 mil anuais para cada uma das filiadas. A federação brasiliense, por exemplo, tem mais da metade da renda (R$ 750 mil) oriunda da CBF.
Pelo estatuto da confederação, a destituição do presidente só ocorre com aprovação de dois terços dos votos da assembleia geral da CBF.
Esse grupo é composto pelas 27 federações e pelos 20 clubes da Série A. Para que a assembleia aconteça, é preciso que Teixeira a convoque ou que pelo menos um quinto das federações reivindique a realização do encontro.