O jornal El Mundo, da Espanha, publicou nesta segunda-feira que o presidente do Barcelona, Sandro Rosell, foi acusado na Audiência Nacional do país de apropriação indébita de 40 milhões de euros (cerca de R$ 128 milhões) na transação que envolveu a compra do brasileiro Neymar junto ao Santos. O autor da denúncia é Jordi Cases, um dos líderes da oposição no clube catalão.
Oficialmente, o valor divulgado pelo Barcelona para a compra de Neymar foi de 57,1 milhões de euros (R$ 183 milhões) - deste total, 17,1 milhões (R$ 55 milhões) foram enviados ao Santos e valeram pelos direitos federativos do jogador, enquanto os outros 40 milhões, segundo o clube espanhol, foram pagos como comissão à família do atacante. É esta comissão a cifra questionada por Cases.
"Quem com um mínimo de bom senso acredita que por uma casa se tenha que pagar 300 mil euros, e pela comissão do intermediário se tenha que pagar 700 mil?", perguntou o autor da acusação. Segundo ele, Rosell ficou com o total ou parte dos 40 milhões, dinheiro que veio dos cofres do clube, o que caracterizaria a apropriação indébita.
O El Mundo também lembra que o Barcelona mantém ocultos os detalhes sobre a compra de Neymar, baseado em uma suposta cláusula de confidencialidade no contrato. Além dos 57,1 milhões de euros anunciados oficialmente, o time espanhol também pagou 7,9 milhões de euros (R$ 25,4 milhões) pela preferência de compra de três atletas da base do Santos - este valor é a fundo perdido, ou seja, o clube paulista não precisa devolvê-lo caso a preferência não se concretize.
De acordo com a publicação, outros 9 milhões de euros (R$ 28,9 milhões) também foram pagos pelo Barcelona ao Santos por dois amistosos entre os clubes - o primeiro, no Camp Nou, em 2 de agosto, terminou com vitória por 8 a 0 dos espanhóis. O segundo aconteceria no Brasil, mas acabou cancelado.
Ex-representante da Nike no Brasil e amigo pessoal do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, Sandro Rosell já foi envolvido em denúncias anteriores. O jornal O Estado de S. Paulo noticiou em agosto um esquema de desvio de dinheiro em amistosos da Seleção Brasileira durante a gestão de Teixeira, que contava com a participação de empresas de Rosell com sede nos Estados Unidos. O presidente do Barcelona negou as acusações.