Em entrevista ao "Fantástico" na noite de domingo, o lutador brasileiro Anderson Silva afirmou que quer continuar lutando após se recuperar da horrível lesão que sofreu na perna esquerda em seu último combate, contra Chris Weidman, no UFC 168, em 28 de dezembro passado. Seu preparador físico na academia carioca XGym, Rogério Camões, por sua vez, está alinhado com a vontade da família do atleta, que declarou no mesmo programa que preferia que ele não retornasse ao octógono. Apesar disso, o treinador prometeu apoiar o pupilo na decisão.
- Acho que o Anderson não tem nada a provar para ninguém. Eu até falei para ele no dia seguinte, "Você não fez muito não, você fez até demais." Ele não tinha que se desculpar por nada. Mas o Anderson é um cara que tem muita personalidade. Ele sempre escolheu muito os treinadores, os amigos, as lutas. Ele sempre pediu opinião aos treinadores, mas sempre fez as escolhas dele. É um momento muito difícil. O cara é um supercampeão e eu sou como um pai para ele. É muito difícil e ele tem que tomar um tempo. A recuperação é o mais importante para mim agora. Depois que ele se recuperar, a escolha que ele fizer, vamos apoiar - garantiu Camões no programa de rádio "Mundo da Luta", na noite de domingo. Ele se emocionou e chorou durante a declaração.
Como um dos responsáveis pelo córner de Anderson Silva na luta com Weidman, o preparador viu de perto a chocante lesão sofrida pelo lutador e relatou ter ouvido um barulho muito alto no momento do choque. Ele disse ainda que o ex-campeão dos pesos-médios sentiu muita dor, que foi difícil colocá-lo na maca porque estava difícil de imobilizar a perna, e que Spider precisou ser medicado no caminho do hospital em que passou por cirurgia.
- Foi a imagem mais chocante que eu já vi. Nunca tinha visto coisa tão chocante em mais de 20 anos de carreira. Nunca tinha visto um acidente tão grave - afirmou Camões.
Também na entrevista ao "Fantástico", Anderson Silva afirmou que Weidman não deveria considerar a luta uma vitória e que tem "plena certeza" que venceria a revanche se não tivesse sofrido a lesão. Para Camões, o lutador brasileiro estava bem e poderia ter virado o jogo a partir do segundo round.
- Não esperávamos aquilo. A gente estava confiante antes de entrar no segundo round. Quando fomos para o córner entre o primeiro e segundo round, o Anderson disse, "Estou bem, levei uma mão dele por baixo, mas estou bem, consegui desgastá-lo bastante." A estratégia era manter o Anderson em pé, usar o muay thai dele, que é o que ele tem de melhor. Ele estava muito focado. Durante os três meses desse camp, ele não brincou. Ele é um cara que sempre brinca muito e, desta vez, ele estava muito sério, muito focado, não brincou com ninguém. Ele buscou muito a essência dele, o muay thai, e ele começou a usar isso, chutou duas vezes, e ele jogou muito forte aquele chute. Se não quebra a canela dele, se pegasse também, seria prejuízo para o Chris Weidman - disse o preparador físico.