Preconceito faz gays fundarem time; 8 de 11 atletas são homossexuais

Time de homossexuais do interior de Roraima ganha espaço no vôlei

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Conquistar o espaço e o respeito da sociedade, quebrar o preconceito e jogar vôlei. Esses são os objetivos dos jogadores do time Viva Vôlei, do município de Caracaraí, sul de Roraima, que é composto, em sua maioria, por homossexuais. Dos 11 atletas, oito têm "segmento sexual diferente", conforme disse o oposto Danilo Souza.

Há três anos, todos esses jogadores eram integrantes da equipe do Centenário. Por causa do preconceito de alguns colegas de time, os atletas decidiram fundar o Viva Vôlei, que participa de torneios oficias da Federação desde o ano passado.

- Por sermos homossexuais, ouvíamos sempre as piadinhas todas as vezes que perdíamos um jogo ou uma competição. Mas sempre jogamos de igual para igual contra os heterossexuais - afirmou Danilo.

Com apenas dois anos de criação, o Viva Vôlei é destaque nos torneios em que participa e é uma atração em Caracaraí. Com o passar do tempo, o time conquistou o respeito dos moradores.

- Somos conhecidos na nossa cidade. Aos poucos conquistamos o nosso espaço e o respeito da sociedade. A torcida comparece em peso aos nossos jogos. Os próprios organizadores dos eventos dizem que levamos mais torcida aos ginásios. Hoje, a aceitação é bem maior- frisou o jogador.

Família é o alicerce

O início foi difícil. A integração com a família foi a saída para enfrentar as dificuldades do dia a dia.

- Temos o apoio incondicional dos nossos familiares, que estão sempre conosco. Essa relação foi a base de tudo. Eu aceito a forma de pensar de uma pessoa preconceituosa, mas quero que ela também aceite a minha forma de pensar e agir- falou Danilo, que é acadêmico de Direito.

Experientes na modalidade

Quem acha que a equipe do Viva Vôlei participa das competições por brincadeira está muito enganado. Os atletas jogam juntos desde o mirim e não fazem feio dentro de quadra. Ano passado, na Copa Macuxi, o time terminou a competição em terceiro lugar. No torneio 9 de Julho, que está em andamento, o grupo já está na semifinal.

- Treinamos juntos desde as categorias de base. Esse entrosamento vem de muito tempo. Temos nossos momentos de descontração, mas na hora de treinar é sério. Jogamos por amor ao vôlei.

Torcedor está sempre presente

Na quarta-feira à noite, o Viva Vôlei entrou mais uma vez em quadra. Desta vez para enfrentar o Real Brasil pela última rodada do torneio 9 de Julho. O vencedor garantiu o primeiro lugar do grupo.

A ex-moradora de Caracaraí, Marene Oliveira, é torcedora de carteirinha do Viva Vôlei. Para ela, a orientação sexual dos jogadores não interfere no desempenho do time em quadra.

- Eles têm potencial e jogam com muita garra e força de vontade. Eles contagiam os torcedores com essa energia. Os adversários sentem essa pressão e passam a respeitá-los.

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