A Associação Portuguesa de Desportos, tradicional clube de São Paulo, comemora seu centenário nesta sexta-feira, 14 de agosto. O Estadão faz uma retrospectiva sobre os principais momentos dos 100 anos de história do time. Informações do site Terra
A Portuguesa foi fundada em 14 de agosto de 1920
A Portuguesa foi fundada em 14 de agosto de 1920, e aceita pela Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA) em setembro. Sem espaço entre os oito da primeira divisão, o clube foi atrás de uma parceria com o Mackenzie, que vinha em decadência. A fusão foi concretizada em 11 de outubro daquele ano, pouco antes do primeiro jogo da história da equipe, uma derrota por 3 a 0 para o São Bento da capital, em 7 de novembro. O primeiro após o fim da união, já como "Portugueza de Esportes", ocorreu em 22 de abril de 1923, uma derrota por 4 a 1 para o Corinthians.
Os momentos iniciais de destaque viriam somente na década seguinte. No estadual de 1933, venceu o Palestra Itália, que vinha de longa sequência invicta, e terminou na 3ª posição, repetida em 1934.
O bicampeonato paulista em 1935/36
Uma cisão no futebol paulista gerou a divisão dos times em duas federações: a própria APEA e a Liga Paulista de Futebol (LPF). Clubes como Santos, Corinthians, Palestra Itália e São Paulo migraram para a LPF, enquanto a Portuguesa permaneceu na APEA. Em 1935 e 1936, a rubro-verde decidiu o título na última rodada, contra o Ypiranga.
Em uma disputa final de "melhor de três" após terem a mesma pontuação na tabela, as equipes empatavam quando houve pênalti para a Lusa. O adversário abandonou o campo em protesto ("infundado", segundo o Estadão da época) e foi declarada vitória lusitana. No jogo seguinte, o time venceu por 5 a 2 e conquistou seu primeiro título. Na temporada seguinte, uma goleada por 6 a 1 na última rodada garantiu o bicampeonato.
Em 1937, a boa fase foi interrompida quando os associados decidiram se filiar à LPF, e a Portuguesa acabou passando um 'ano sabático', sem jogos oficiais. Três anos depois, em 1940, o clube sagrou-se vice-campeão paulista pela primeira vez.
Consolidação na década de 1950
Durante 13 anos consecutivos, entre 1945 e 1957, a Lusa terminou o Paulistão entre os cinco melhores do Estado. Indício de que a equipe vivia sua melhor fase até então. Foi nesse período, por exemplo, que vieram as históricas goleadas sobre o Corinthians, por 7 a 3, em 1951, e contra o Santos, que seria campeão paulista semanas depois, por 8 a 0, em 1955.
Nomes como Djalma Santos, Julinho Botelho, Muca, Nena, Nininho, Pinga I, Simão, Brandãozinho permanecem até hoje no imaginário da torcida, que também comemorou os títulos do Torneio Rio-São Paulo em 1952, diante do Vasco da Gama, e 1955, diante do Palmeiras.
Foi na década de 1950 que o clube trouxe a 'tri-fita azul' ao Canindé. A condecoração era dada pela Gazeta Esportiva às equipes que voltassem invictas ou representassem bem o Brasil no exterior. Em 1951, a Portuguesa voltou sem derrotas de excursão a Turquia, Espanha e Suécia, com relevante vitória sobre o Atletico de Madrid, na disputa do Troféu San Isidro, por 4 a 3. Em 1953, a viagem foi ao Peru e à Colômbia, e em 1954, à Inglaterra (onde acabou perdendo um jogo, diante do Arsenal, por 7 a 1), França, Bélgica, França e Turquia.
Em 11 de novembro de 1956, foi inaugurada a Ilha da Madeira, como era conhecido o campo em que a Portuguesa jogaria nas décadas seguintes, ainda sem as arquibancadas de concreto, mas no mesmo local de hoje. A estreia foi uma vitória por 2 a 0 sobre um combinado entre os times do São Paulo e Palmeiras.
Na década seguinte, destacam-se o vice-campeonato de 1960, disputando o título com o Santos de Pelé, e o terceiro lugar em 1964, quando chegou à última rodada sendo o único time com chances de tirar o título santista - o que não foi possível após derrota por 3 a 2. Foi nos anos 1960 que surgiu Ivair, o 'Príncipe', outro jogador marcante da história rubro-verde.
Inauguração do Canindé e título dividido em 73
Outro grande momento da história da Portuguesa ocorreu na primeira metade da década de 1970. Em 9 de janeiro de 1972, a Ilha da Madeira deu lugar ao Estádio Independência - nome oficial do Canindé, à época. A alteração para o atual Dr. Oswaldo Teixeira Duarte ocorreria apenas em 1979. A partida de inauguração foi uma derrota por 3 a 1 diante do Benfica, de Portugal.
Em 1973, o time chegou à final do Paulistão contra o Santos. Após empate por 0 a 0, em momento polêmico e até folclórico, o árbitro Armando Marques encerrou a disputa de pênaltis quando a Portuguesa ainda poderia reverter a contagem. Os atletas comandados por Oto Glória saíram rapidamente do estádio e o título foi decidido fora de campo, dividido entre as duas equipes. É o último título da Portuguesa em uma primeira divisão até hoje. Um dos destaques da campanha foi Enéas de Camargo, outro ídolo do clube, que dividia os treinos no Canindé com o Exército, ao qual servia simultaneamente. Ele morreria em 1988, em acidente de carro.