Polícia busca dados para impedir estrangeiros violentos durante Copa

Segundo delegado Andrei Passos Rodrigues, serviços de inteligência acompanham movimentos de grupos organizados, como os “barras bravas” argentinos

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Torcedores violentos que pretendem viajar ao Brasil para a Copa do Mundo podem ter problemas para entrar no país. Segundo a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos do Ministério da Justiça (Sesge), o governo brasileiro tem buscado informações com polícias estrangeiras sobre pessoas com restrições para participação em eventos esportivos e histórico de violência em seus países. Estes dados serão usados pela Polícia Federal, que poderá impedir que estes torcedores passem pelas fronteiras nacionais.

- Temos uma legislação que estabelece os requisitos para ingresso em nosso país. De alguma maneira, a Polícia Federal tem que fazer a entrevista e avaliar a situação no ponto de imigração e pode impedir que determinado cidadão ingresse no país por inferir no interesse nacional - afirmou o secretário da Sesge, delegado Andrei Passos Rodrigues.

Além dos cadastros de cada país, a Sesge também está em contato com a Fifa para poder fazer o cruzamento de dados com a lista de compradores de ingressos para a Copa. Isso facilitaria a identificação e o monitoramento de torcedores com histórico de violência que pretendem acompanhar o Mundial.

No caso dos torcedores argentinos, houve uma tentativa por parte dos "barras bravas" de impedir na Justiça que seus dados fossem repassados ao governo brasileiro. Porém, segundo o delegado, a iniciativa fracassou e as autoridades responsáveis já estão em contato para que seja feito o repasse dos dados.

- A informação que tenho é de que a decisão foi no sentido da legalidade dessa decisão (de repassar as informações ao governo brasileiro). Então, permanecemos bastante tranquilos em relação ao nosso acordo de cooperação.

Em março, a pedido do próprio governo argentino, houve uma reunião em Brasília com representantes da Sesge, da Polícia Federal e das polícias de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul - cidades onde a Argentina jogará na primeira fase da Copa. Também estiveram presentes representantes da AFA (Federação Argentina de Futebol) e do Ministério da Justiça da Argentina.

- O governo argentino se prontificou, respeitando nossos acordos bilaterais, a fornecer todos os dados que forem de interesse da operação policial, dentre os quais, o cadastro de torcedores impedidos de frequentar eventos esportivos ou com alguma condenação que os impeça de sair do país - afirmou Andrei Passos.

Nesta sexta-feira, o jornal argentino "Olé" revelou planos da HUA (Torcidas Unidas Argentinas, em português) de viajar com cerca de 1,2 mil torcedores para a Copa do Mundo. Eles contariam, inclusive, com a ajuda de líderes de torcidas organizadas de times brasileiros, como o Internacional. Segundo o secretário da Sesge, estes movimentos estão sendo acompanhados pelos serviços de inteligência da polícia brasileira.

- Dentro do planejamento, há varias ações na área de inteligência. Isso nos permite dizer que estamos atentos, estamos acompanhando e tomando todas as precauções também tendo em vista o perfil desses torcedores de clube, que são diferentes do público geral da Copa do Mundo. Se essas pessoas tentarem promover algum tumulto, vão ter a resposta efetiva da segurança pública.

Apesar da atenção destacada aos argentinos por conta da proximidade com o Brasil, o secretário garantiu que o plano de segurança não está focado em nenhum país ou grupo específico de torcedores.

- Não é um caso pontual em relação a um país a, b ou c. É a situação geral para torcedores de todos os países participantes da Copa. Estamos planejando de maneira que todos possam vir para participar de uma grande festa. Mas aqueles que resolverem infringir a lei, sofrerão as consequências. A polícia brasileira esta preparada e organizada.

Presença de policiais estrangeiros nos estádios

Seguindo o Plano Estratégico de Segurança para a Copa elaborado pela Sesge, o acordo de cooperação internacional também prevê a presença de policiais estrangeiros no Brasil durante o Mundial. A ideia é que eles estejam nos estádios em que suas seleções estiverem jogando para auxiliar o contato das forças policiais brasileiras com os torcedores estrangeiros em caso de necessidade.

- Estes policiais estarão uniformizados, com as roupas de suas polícias. Isso facilitará a identificação pelos estrangeiros, para que tenham a segurança de que ali está um policial do seu país. Isso abre uma possibilidade de diálogo. Eles não estarão armados, pois não têm poder de polícia aqui no Brasil. Mas serão colaboradores, atuando juntamente com as nossas forças - explicou Andrei Passos.

Três policiais fixos de cada nacionalidade deverão atuar em um centro de cooperação internacional, em Brasília. Outros quatro agentes estarão viajando pelas 12 cidades-sedes de acordo com o itinerário de suas seleções. Até o momento, 27 países já aceitaram o acordo de cooperação.

Esse tipo de colaboração policial também foi utilizada na Copa da África, em 2010, quando agentes da Polícia Federal acompanharam a torcida e a seleção brasileira como parte de um acordo entre a Interpol e a Polícia Sul Africana. O papel desses policiais foi o de orientar os brasileiros sobre os riscos locais ou sobre torcedores agressivos de outras nacionalidades, além de alertar torcedores com comportamento considerado inadequado.

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