Em meio ao luto pela morte de dez meninos e três feridos no incêndio que atingiu o Ninho do Urubu, em Vargem Grande, Diego foi a primeira pessoa ligada ao Flamengo que concedeu uma entrevista coletiva. De peito aberto, o capitão falou sobre a tragédia osbre 15 minutos e relatou que tem um sobrinho no Sub-14 que conhece todos os meninos envolvidos.
Ao falar sobre o encontro com Cauan Emanuel, de 14 anos, um dos feridos que recebeu alta na tarde de segunda-feira, o jogador não conteve as lágrimas e desabou:
- Não temos resposta para tudo mas precisamos seguir de alguma forma para dignificar o que esses garotos viveram. E os que estão salvos. Temos que manter esse sonho vivo dentro desses garotos. Competir, ser feliz, viver o sonho de jogar no Maracanã. Eu estou vivendo esse sonho. Novos jovens virão. O Cauan fez fotos conosco, está se recuperando. Peguei o telefone dele, ele me mandou uma Foto minha comemorando o gol e disse que se inspirava em mim (choro) – disse o jogador, antes de parar e chorar por alguns minutos.
– Desculpa. Então temos que seguir, seremos inspirações, assim como o Cauan se inspira em mim. Outros jovens vão se inspirar em outros jogadores. Para ser inspiração a gente tem que estar de pé.
Antes, Diego falou que conhecia muitos dos meninos, que vários haviam já pedido para tirar fotos com ele e falou sobre a relação próxima deles com o seu sobrinho.
- Nosso relacionamento com eles era excelente. Participam do nosso dia a dia. Eu lembro da maioria deles. Tenho um sobrinho no Sub-14 e tem amigos nesse alojamento. Tinha a possibilidade de ele estar ali também. Temos uma ligação, é um respeito muito grande por eles. Meu sobrinho treina na parte da manhã, por isso foi um impacto, momento duro e difícil - disse Diego, que continuou ao falar sobre a estrutura no CT:
- O clube tem evoluído no cuidado aos profissionais e para a categoria de base. Cheguei em 2016 e usei todas essas estruturas de contêiner. Mas as questões técnicas e burocráticas não posso falar. Existe a preocupação de melhorar desde a diretoria passada. Se alcançou o ideal não cabe a mim dizer . É uma tragedia e quem está aqui vai carregar isso pra sempre. Momento de muita tristeza.
O jogador relatou como ficou sabendo sobre a tragédia, minutos antes de sair de casa para ir treinar no local. Foi um dos seus funcionários que o avisou o que havia ocorrido.
- Eu tava pronto no meu carro quando soube por um funcionário. Depois o treino foi cancelado. Foi um momento duro e difícil. Nós vivemos e somos os garotos da base. Consegui amigos dentro de alojamento. Vocês carregam o espírito dos garotos da base. Todos nós. Eles carregam a alma do brasileiro. Ficamos desnorteados. Esse encontro que tivemos foi para nos reunir e orar e direcionar nosso caminho, pra enfrentar isso. Abel foi muito feliz nas palavras, como profissional e ser humano, teve experiência terrível e prorriedade (perdeu um filho). Nem fomos a campo naquele dia – afirmou.
Os jogadores do Flamengo farão uma homenagem para os garotos do Ninho mortos no acidente na última semana. A ideia principal é estampar os nomes dos dez meninos na camisa dos atletas do time principal. A equipe entra a campo na quinta-feira, no clássicon contra o Fluminense, no Maracanã, pela semifinal da Taça Guanabara, do Campeonato Carioca.