O América-PE iniciou o Campeonato Pernambucano na liderança. Pelo menos, no marketing, quando o clube ganhou as manchetes do Brasil e do exterior ao trazer a modelo paraguaia Larissa Riquelme para o lançamento do uniforme da temporada deste ano. Mas, quando a bola rolou, a equipe não teve a mesma categoria dentro de campo e acabou rebaixada faltando três rodadas para o fim da competição.
- Recebi ligações de rádio do Rio Grande do Sul. Vi site da Polônia e da Alemanha falando no América. Ano passado conseguimos reviver o Mequinha com Viviane Araújo. Agora, com Larissa, levamos o Alviverde para, pelo menos, todo o Brasil. E para o mundo - comemorou no dia do lançamento o presidente do clube, João Moreira.
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Este ano, o América-PE chegou a ganhar reforços para a pequena torcida que ainda sobrevive amando o clube. Muitos aderiram à corrente para o clube se livrar da queda com a única intenção de poder ver Larissa Riquelme cumprir a promessa que fez no dia 12 de janeiro, quando esteve no Recife para o lançamento oficial do uniforme alviverde.
A paraguaia, que acabou se tornando também a musa do América-PE, prometeu desfilar nua pelas ruas do Recife caso o clube não fosse rebaixado.
- Por todo canto onde vou, passo pelo menos duas vezes. E se o América-PE não for rebaixado, ficarei nua - prometeu, na ocasião, mas sem revelar muitos detalhes.
Mas nem o incentivo de Larissa Riquelme deu resultado.
História quase centenária e seis títulos pernambucanos
A campanha recente do clube contrasta com a história do América-PE. Fundado em abril de 1914, o clube chegou a conquistar seis títulos pernambucanos, sendo dois bicampeonatos em 1918 e 1919, além de 1921 e 1922. Os outros dois vieram em 1927 e em 1944.
Até a década de 50, o clube ainda era considerado a quarta força de Pernambuco. Tanto que jogos contra os grandes do Recife (Sport, Náutico e Santa Cruz) eram considerados clássicos. Depois disso, o clube foi caindo até passar os últimos 15 anos sem disputar a Série A1 da competição estadual.
Torcedor do América-PE (Foto: Reprodução / TV Globo)Campanha decepcionou os poucos torcedores que
ainda preserva (Foto: Reprodução / TV Globo)
A campanha deste ano foi de fazer vergonha. Em 20 rodadas, o Mequinha, como é carinhosamente chamado, conquistou apenas oito pontos, com uma única vitória e cinco empates, e foi o primeiro a cair na competição.
De acordo com um levantamento do pesquisador Carlos Celso, desde a década de 90 o América-PE não acumulava um número tão baixo de vitórias. Quando foi rebaixado em 1995, o clube disputou 37 jogos, conquistando cinco vitórias, três empates e 29 derrotas.
- Recentemente, um amigo que escreveu um livro sobre o América-PE e mantém um blog sobre o clube classificou o jogo contra o Náutico como clássico. Até os anos 50, Náutico e América já foi clássico, quando o número de vitórias era similar, mas de 60 para cá não ganhou mais. Há uma variável muito grande no gráfico, mostrando uma queda acentuada do América-PE e um crescimento muito superior para o Náutico.
O retorno à divisão de elite do Pernambucano veio, enfim, no ano passado, e por pouco o rebaixamento não ocorreu. Mas, sem poder econômico e sem campo próprio para treinar, o clube viu a temporada deste ano começar como a crônica de uma morte anunciada. Até que no dia 28 de março deste ano, o América empatou por 1 a 1 com o Araripina e foi matematicamente rebaixado, faltando ainda três rodadas para o final do Pernambucano.
Apesar de mais uma adversidade, o presidente do clube, João Moreira, afirma que não vai desistir e que a meta é voltar à Série A1 no ano do centenário, em 2014. Para isso, ele explica que o clube vai mudar a filosofia e passar a investir em jogadores da base.
- Não tenho dúvidas de que foi uma queda, mas digo que dobramos o joelho, mas não caímos. Vamos para a briga novamente. Vamos adotar uma nova filosofia de trabalho para aproveitar a garotada do sub-20. Temos a intenção também de participar da Copa Pernambuco, este ano, que é uma competição de sub-23. Queremos valorizar o pessoal mais novo e encaixar jogadores mais experientes, com quem temos contrato até 2014.
João Moreira explicou ainda que os problemas financeiros sempre existiram na história recente do clube, mas para ele isso não foi o motivo determinante para o rebaixamento.
- Problema econômico sempre houve, mas não foi isso que provocou nossa queda. Nossa folha era equiparada à de todos os outros clubes intermediários. O problema é que criamos um plantel, mas ele não encaixou, não houve uma sinergia do grupo. Também tivemos problemas de relacionamento de atletas, e demoramos a perceber.
O presidente americano adiantou ainda que o clube deve fazer uma parceria com a prefeitura de Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, para criar um centro de treinamento e montar uma sede na cidade.
- Estamos fechando uma parceria com Abreu e Lima. Já temos um terreno com 14 hectares, estamos finalizando o projeto do centro de treinamento e quando estiver o preto no branco, vamos fazer o lançamento. Consideramos esse projeto como o início do recomeço.