O anúncio do retorno de Mike Tyson ao boxe impactou o mundo do esporte. Uma das figuras mais famosas e controversas do esporte no século XX ressurge com 54 anos de idade para enfrentar o americano Roy Jones Jr, de 51, neste sábado, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Depois do espanto inicial, a pergunta imediata do público é natural: Não seria perigoso para a saúde de ambos os atletas, trocar golpes em idade tão avançada para o boxe? Informações do site GloboEsportes.com
- Um soco de um boxeador peso-pesado pode atingir a cabeça do rival com um impacto equivalente a 450 quilos. Vale dizer que isso é um valor médio dentro dos estudos publicados. Mike Tyson sempre esteve bem acima disso, é lembrado como um dos maiores nocauteadores da história - afirma Irineu Loturco, doutor em treinamento esportivo.
O Combate vai transmitir ao vivo no dia 28 de novembro a volta de Mike Tyson aos ringues. Os assinantes do canal vão acompanhar a luta contra o americano Roy Jones Jr., que terá oito rounds, além de todas as outras seis lutas previstas no evento em Los Angeles, no Estados Unidos. A TV Globo também vai exibir a luta na madrugada de sábado para domingo após o Supercine.
Mike Tyson ficou marcado como a "fera" que conseguiu 37 vitórias seguidas na década de 80. O fenômeno de instinto demolidor, campeão mundial mais jovem da história, com 20 anos de idade. Mas também sofreu dores, frustrações e punições por caminhos tortos traçados desde a infância difícil em Nova York. O americano teve problemas com drogas, álcool, foi preso condenado por estupro e, depois da detenção, nunca mais foi o mesmo nos ringues. Tyson se aposentou em 2005, depois de ser nocauteado pelo irlandês Kevin Mcbride. Foram 58 lutas no boxe profissional, 20 anos de carreira e, após 15 anos de inatividade, colocará à prova um corpo que não é mais o mesmo.
- Nosso cérebro envelhece naturalmente e fica mais propício a sofrer lesões sérias. Assimilar um golpe aos 54 anos é diferente de receber um golpe aos 20 anos. É bem mais grave. E isso, claro, envolve um risco maior - alerta o neurologista Renato Anginnah.
Mesmo antes da definição da luta, Mike Tyson procurou uma ajuda brasileira para se preparar para seu retorno. O pugilista conheceu o treinador brasileiro de MMA Rafael Cordeiro em uma gravação de comercial e gostou. No mesmo dia, o convidou para alguns treinos e, desde então, o curitibano é peça fundamental na recuperação do condicionamento físico e técnico do Tyson. O brasileiro, que estará neste sábado no córner, acompanhou todas as etapas de uma preparação que não ignorou os 54 anos anos do atleta.
- Ele não é mais um garoto, claro, mas a gente está falando de Mike Tyson. A parte técnica vem conciliada com a forte explosão dele. Pelo estilo dele, Tyson precisa estar bem condicionado. Foram seis meses de treinamento, manoplas, sparrings e condicionamento forte para chegar no dia 28 muito bem preparado - relatou Cordeiro.
Tyson passou por uma transformação em seu corpo para ter condições de encarar Roy Jones Jr. neste sábado. O americano perdeu 42 quilos em seis meses de treinos e garante estar "voando" fisicamente.
- A última vez que pesei 99 quilos eu tinha 18 ou 17 anos. Agora estou super confiante, acredito em mim mesmo, é simplesmente incrível - comemorou Tyson.
A luta entre Tyson e Roy Jones Jr. terá regras mais flexíveis adotadas no chamado "boxe-exibição", com previsão para 8 rounds de 2 minutos cada. Darren Ruff, antigo companheiro de "Iron Mike" em sua primeira academia de boxe, a Cus D'Amato Gym, acha que o colega não corre perigos apesar da idade. Hoje, Darren segue a vida ensinando o esporte no galpão onde o jovem recebeu suas lições iniciais da nobre arte e alerta para a vocação do veterano para promover espetáculos.
- Acho que em boa parte do combate vai ser como um treino, com socos mais planejados, sem acertar pra valer. Mike Tyson vai fazer um show para o público. E isso ele sabe fazer. (...) Mas ele ainda é um lutador especial, vai querer nocautear - apostou Darren Ruff.