A temporada de campeonatos com jovens talentos na América do Sul atrai olheiros de diferentes times europeus, mas um em especial não economizou. O Bayern de Munique mandou dois observadores para o Sul-Americano Sub-20 e mais dois para acompanhar a Copa São Paulo de Juniores.
Um deles, o suíço Björn Andersson, passou pelo hotel da Seleção Brasileira no último domingo para ter o primeiro contato visual dos jogadores. Sentado na recepção do Gran Tacna Hotel, pediu ajuda para identificar cada um dos atletas que passava em direção ao ônibus que levaria o time para o treino.
"Pode me mostrar quem é o Neymar?", perguntou à reportagem, causando certo espanto. Na verdade ele diz conhecer bem o futebol da estrela da Seleção Sub-20, mas nunca o tinha visto de perto. "Pode me mostrar outros bons também?", completou, despedindo-se sem antes entregar um cartão de visitas.
Andersson é o enviado a Tacna do time alemão. Assistirá a todas as partidas realizadas na sub-sede da competição. Outro observador está em Arequipa, onde estão os outros dois países favorito dos caça-talentos europeus, a Argentina. "São os países que têm os jogadores com melhor perfil para jogar na Europa."
Na segunda-feira, como previsto, o olheiro marcou presença na rodada dupla. Acompanhamos parte do segundo tempo de Colômbia x Equador ao lado de Andersson e outros de seus colegas para observar o trabalho de profissionais valorizados na Europa e temidos pelos clubes brasileiros.
Concentrados, eles evitam conversa quando a bola está rolando, mas conhecidos entre si se acomodam em poltronas próximas. Todos com um bloquinho na mão e uma caneta, eles têm entre 50 e 60 anos em sua maioria e são facilmente identificados por seus cabelos grisalhos e pele clara no meio de sul-americanos em sua maioria morenos.
A cada lance, fazem anotações. Em algumas situações, tecem rápidos comentários e parecem decepcionados com os colombianos e equatorianos. A maior expectativa é com o Brasil, time que tem jogadores famosos com Neymar, mas outros ainda completamente desconhecidos pelos europeus.
Enquanto trabalham, não gostam de dar entrevistas. A cada intervalo e espaço entre partidas, desfrutam de uma área vip modesta. Café, bolachas e outros alimentos ficam à disposição e eles conversam sobre o que acabaram de ver.
Ter acesso a um local exclusivo, segundo eles, não é solicitado. Andersson explica que uma agência cuida de tudo, desde hospedagem a credenciamento no evento. Seu colega, representante do austríaco Red Bull Salzburg, tem um crachá com a identificação "Agente Fifa".
No jogo seguinte, entre Brasil e Paraguai, os olheiros tiveram melhor sorte. Os brasileiros fizeram 4 a 2 e Neymar mostrou suas credenciais, marcando os quatro gols. O suíço Andersson agora não vai mais esquecer a fisionomia do jogador que cada vez mais é desejado pelos clubes europeus.