O colecionador de gols: artilheiro do Brasil, Damião namora Seleção

Mas um gol é especialmente marcante: aquele que abriu a reviravolta do título gaúcho, na finalíssima, em Gre-Nal no Olímpico

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Um é pouco. Dois é pouco. Três é pouco. Até 30 é pouco. Com estimativa de 23 jogos pela frente na temporada (contando só o Inter), sabe-se lá até onde chegará a matemática dos gols de Leandro Damião, o maior goleador do futebol brasileiro em 2011. Já são três dezenas na conta de um centroavante que se vê em processo de evolução enquanto assombra os adversários com oportunismo, jogo após jogo. A próxima meta do matador é se consolidar na Seleção Brasileira. Ele está de olho na convocação desta quinta-feira - para amistoso provavelmente contra Gana, em 6 de setembro.

Damião jogou 38 jogos pelo Inter nos oito meses de 2011. E marcou 30 gols, 28 deles oficiais, o que assegura ao jogador a liderança do Prêmio Friedenreich ? os outros dois foram no Torneio de Munique, contra Barcelona e Milan. O centroavante ainda tem sete assistências no ano. Já balançou redes em cinco competições diferentes: Brasileirão, Libertadores, Gauchão, Recopa e o próprio Torneio de Munique.

Mas um gol é especialmente marcante: aquele que abriu a reviravolta do título gaúcho, na finalíssima, em Gre-Nal no Olímpico.

- O mais importante foi o do Gre-Nal. Foi um jogo histórico. Foi nosso primeiro gol depois de eles saírem na frente. Foi a arrancada para o título, e gol de titulo ninguém esquece: fica para a história ? disse ele.

O camisa 9 sabe que conquistou números marcantes. E diz que o time facilita um processo quase industrial, quase mecânico, de produção de gols.

- Se me dissessem que eu marcaria 30 gols, eu falaria que, pelo time que temos, poderia acontecer. A equipe é muito qualificada, com meias que apóiam bastante, com laterais que também fazem isso. Poderia falar que tinha esperança de atingir essa meta. (...) É pela equipe que temos. São jogadores que disputam bastante, que sabem diferenciar a técnica de cada um. Eu, como centroavante, tenho que brigar toda hora. Às vezes, vou na zaga ajudar, vou na lateral, dou carrinho. Quando estou na frente, o zagueiro bate, mas não posso cair. Eu insisto bastante na finalização.

Por mais que ter o auxílio de figuras como Andrezinho, D?Alessandro e Oscar ajude, é gritante a importância de Damião nos gols marcados. Em muitos, fica visível que se não dá para ganhar a jogada na técnica, ele ganha na força, na trombada.

- Tem muito zagueiro que vem mais para a violência, para dar pancada. É nessa hora que tenho que saber escapar para fazer o gol. Com alguns zagueiros mais técnicos, tenho que segurar na força e virar para marcar. Dependendo do momento, o atacante tem que pensar antes em como vai agir. É tudo muito rápido. São frações de segundo. Tem que aproveitar na hora e fazer o gol.

O artilheiro colorado sente que está em crescimento. Sem categorias de base, saído da várzea, onde jogava bola para poder tirar algum dinheiro e levar a namorada ao cinema, Damião usa o dia-a-dia como aprendizagem.

- Tem que se dedicar muito, porque nada vai cair do céu. Sempre lutei bastante. Muitos jogadores podem ser Pelé, podem ser Ronaldo, mas depende deles querer vencer. Não adianta entrar no jogo e dar sorte de a bola entrar. Se não agir para fazer o gol, não vai poder conquistar o que quer ? disse.

- A maioria dos atacantes teve base. Eu não tive. Estou aprendendo cada vez mais, aproveitando cada chance que recebo nesse ano. Estou melhorando cada vez mais. Não me canso de fazer gols, de ajudar a equipe, de fazer gols pelo Inter ? completou.

Leandro Damião, 22 anos, contabiliza 72 jogos pelo Inter, com 42 gols marcados ? 12 no ano passado. Na atual temporada, ele engordou a conta no Gauchão, com 17 gols em 13 jogos. Depois, manteve a boa fase na Libertadores (quatro gols), no Brasileirão (seis gols), na Recopa (fez o único do Inter na derrota para o Independiente) e no Torneio de Munique (mais dois). Fez mais de 40% dos 72 gols do time principal do Colorado em 2011.

No Brasileirão, Damião tenta engrenar na briga pela artilharia. E não se pode dizer que ele não tenta. O centroavante é disparado quem mais arrisca a gol na competição. Lidera tanto o ranking de conclusões com os pés quanto o de cabeceios. De cada três tentativas de gol do Inter na disputa, uma é dele.

- Nunca tive um jeito favorito de fazer. O jeito mais fácil é de cabeça, porque já vinha trabalhando isso. Já era muito bom de cabeça, e estou melhorando bastante. Mas estou ali na frente, trombando. Uma hora a bola vai sobrar. Se for de canela, de cabeça, de perna direita, de esquerda, o importante é ajudar o Inter.

Relíquia da Seleção Brasileira

Da primeira convocação para a Seleção Brasileira, Leandro Damião não trouxe gols, mas garantiu uma relíquia. A camiseta que ele usou no amistoso contra a Escócia tem o autógrafo dos jogadores que estiveram naquela partida. E do técnico Mano Menezes, onde reside a esperança dele por novas lembranças.

- O Mano, quando estive lá, disse que me daria outras oportunidades. Ele me recebeu muito bem lá. Não tenho do que reclamar ? disse Damião.

Mas a Seleção também representou uma dor, mesmo que passageira, para Damião. Ele tinha esperanças de disputar a Copa América. Acabou fora.

- Na hora em que ele falou, fiquei triste, porque esperava ir. Mas passado um dia, fiquei tranquilo, voltei pro Inter. Conquistei vários amigos na Seleção, torci bastante. Infelizmente, não deu, mas tem que levantar a cabeça.

O centroavante tenta se inserir em uma geração talentosa, com figuras como Neymar, Ganso, Lucas, Alexandre Pato. A Copa de 2014, claro, é uma meta. Mas ele prefere deixar a vida correr, sem grandes planos.

- Vou continuar fazendo meu trabalho. Não adianta pensar no futuro. Penso no agora, no momento que estou tendo no Inter. Tenho que me dedicar ao máximo para aproveitar cada momento ? resumiu o goleador de 2011.

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