Há nove anos o Rio de Janeiro marca presença na final da Superliga feminina de vôlei. E na temporada 2013/14 não vai ser diferente. O time de Bernardinho, octacampeão do torneio, bateu o Campinas, de José Roberto Guimarães, na manhã deste sábado, por 3 sets a 2 (12/21, 21/15, 21/15, 18/21 e 16/14), e garantiu a 10ª decisão seguida da equipe carioca na competição nacional. No Maracanãzinho, em uma partida marcada por apagões, muita emoção e viradas para os dois lados, Fabi, Fofão e cia. fizeram 2 a 0 na série semifinal (depois de terem vencido de forma surpreendente o jogo 1) e agora aguardam o vencedor de Sesi-SP e Osasco para saberem quem enfrentam no dia 27 de abril.
- Estou muito feliz. Foi muito no mérito do Bernardo, que é um treinador que nunca está satisfeito. A gente reclama que ele critica muito, mas sabemos que precisamos disso. Sabemos que oscilamos demais no campeonato. Ficamos até sem ter o que falar em um momento desses, então eu entendo que a Fofão não queira parar, porque é muito gratificante. Alguma coisa muito certa está sendo feita aqui - comemorou a líbero Fabi.
Apesar da derrota e eliminação, o Campinas teve as duas maiores pontuadoras do jogo. Tandara anotou 19 pontos, enquanto Natália marcou 18. Pelo lado do Rio de Janeiro, Carol fez 16, seguida por Mihajlovic, com 13.
- Fizemos um ótimo primeiro set, nosso saque parou de entrar no segundo e no terceiro, o passe oscilou demais. Voltamos para o jogo no quarto, voltamos a ter lucidez, e no quinto, o time pecou nos momentos decisivos. No final, elas tiveram mais tranquilidade para fechar - disse Zé Roberto.
Na outra semifinal, o Sesi-SP saiu na frente do Osasco com uma vitória por 3 sets a 1 na noite de sexta-feira, em São Paulo. As duas equipes se reencontram no próximo sábado.
O JOGO DOS APAGÕES
Sem outra alternativa senão vencer para continuar vivo na Superliga, o Campinas não se intimidou com a torcida carioca e foi para cima do Rio. Forçando o saque desde o início e com Natália comandando as ações ofensivas ? a ponteiro anotou cinco pontos, todos de ataque -, o time do técnico José Roberto Guimarães passeava em quadra.
Se de um lado todos os fundamentos funcionavam perfeitamente, do outro o apagão foi geral. Bernardinho fez a inversão e colocou Roberta e Bruna nos lugares de Fofão e Sarah Pavan. Mas nada dava certo. Sem reação, as donas da casa nada puderam fazer para impedir a derrota no primeiro set por 21 a 12.
O panorama mudou completamente na parcial seguinte, e o troco veio na mesma moeda. Desta vez, o apagão foi paulista. Com um saque mais potente e as atacantes Mihajlovic e Gabi se revezando no bombardeio, o Rio abriu 14 a 7 antes da segunda parada técnica. A recepção do time paulista parou de funcionar e facilitou ainda mais o trabalho do time de Bernardinho. Zé Roberto parou o jogo duas vezes, colocou em quadra Priscila e Jú Nogueira, mas nada adiantou.
Campinas até esboçou uma reação, fez três pontos seguidos e obrigou Bernardinho a parar o jogo. Mas ficou por aí. Comandada pela central Carol, maior pontuadora do segundo set com quatro pontos, as donas da casa fizeram 21 a 15 e empataram a partida: 1 a 1.
O time paulista começou o terceiro set na frente. Fez dois a zero de cara e deu a impressão de que o fraco desempenho no segundo set tinha sido um acaso. Mas foi só impressão. Numa sequência incrível, o Rio fez 5 a 1 e virou para 7 a 3 antes da primeira parada técnica. Zé Roberto falou, gesticulou e as jogadoras entenderam o recado. Na volta, a diferença rapidamente caiu para dois pontos. Mas a irregularidade parecia mesmo o maior adversário do Campinas. Em outro apagão, principalmente no passe, as donas da casa aproveitaram para abrir 14 a 8 graças ao paredão formado por Carol e Sarah Pavan.
O bloqueio e o ataque carioca funcionavam, a diferença foi aumentando e chegou a sete pontos (18 a 11). Mas como o dia parecia ser dos apagões, o passe do Rio travou na passagem de Tandara pelo saque. Foram três pontos seguidos e uma reação inesperada. Aí foi a vez de Bernardinho parar o jogo. O tempo acertou o time carioca e esfriou a reação paulista. Pelas mãos de Mihajlovic, o Rio repetiu o placar da parcial anterior (21/15) e virou o jogo: 2 a 1.
O quarto set começou nervoso e, consequentemente, com erros dos dois lados. O Rio saiu na frente, ameaçou abrir vantagem, mas foi perseguido de perto. O set foi o mais equilibrado do jogo e seguiu assim até a segunda parada técnica. Na volta, o Rio fez dois pontos seguidos e abriu três de frente. Parecia que a vitória não demoraria muito. Mas o Campinas reagiu e deixou tudo igual: 16 a 16). A partida ganhou emoção. No ataque de Tandara, a equipe de Zé Roberto fez 18 a 17 e passou à frente no set pela primeira vez.
Estrategistas, Bernardinho mexia de um lado, Zé Roberto, do outro. A diferença foi que o "branco" dessa vez foi do lado carioca. Principalmente de Mihjlovic, que parou de virar as bolas. E num dos erros de ataque da sérvia, o time paulista fez 21 a 18 e levou o jogo para o tie-break.
O quinto set começou igual. A diferença era apenas Tandara. A oposto do time de Campinas estava impossível e virava todas as bolas. A sorte do Rio é que Natália errou duas bolas fáceis seguidas, e Mihajlovic e Sarah Pavan voltaram a pontuar. Essa combinação de fatores deu ao time da casa uma vantagem de três pontos.
Bernardinho só não esperava que suas jogadoras errassem três ataques seguidos e entregassem de bandeja a liderança. Com um ataque sem força de Natália, a equipe paulista assumiu a ponta na virada de quadra. Na sequência, um toque na rede e mais um ponto de Campinas.
Mas o Rio não queria perder a chance de fechar a série e deixou tudo igual em um ataque de Juciely e um bloqueio duplo de Sarah Pavan e Carol. Em dois erros de ataque de Natália e Kristen e mais um bloqueio de Carol, as donas da casas reassumiram a diferença e fizeram 14 a 10. Numa reação espetacular, Campinas salvou quatro match points e empatou, mas num ataque de Mihajlovic e um erro de passe da equipe paulista, o Rio confirmou a vitória e a vaga em mais uma final de Superliga.