A última semana ficou muito marcada por uma série de protestos nos Estados Unidos após a morte de George Floyd, que sofria de doença arterial coronariana e doença cardíaca hipertensiva, e foi asfixiado por um policial na cidade de Minneapolis. No Brasil, vários atletas se manifestaram contra o racismo e, o Podcast Rumo ao Pódio ouviu dois nomes importantes do esporte brasileiro: a vice-campeã mundial de wrestling Aline Silva, já classificada para as Olimpíadas de Tóquio 2021, e Diego Moraes, da seleção nacional de karatê e repórter da TV Globo. Informações do site GloboEsportes.com
Aline Silva, da categoria até 76kg do wrestling, dona de três medalhas em Jogos Pan-Americanos (duas pratas e um bronze), vice-campeã mundial em 2014 e classificada para os Jogos de Tóquio 2021, aponta que muitos atletas não querem se incomodar ao se expor sobre o tema, hoje tão importante nas discussões da sociedade:
- Infelizmente muitos dirigentes e atletas são alienados, vivem numa bolha, toda vez que eu tento discutir sobre esses assuntos ou exponho minha visão, no meio que eu vivo, é motivo de chacota (...) É um problema. As pessoas não querem se incomodar, muitas vezes, muitos negros que estão lutando para sobreviver, pensando em dez mil problemas, em como fazer a renda, em como fazer faculdade, estudar, e se tiver que parar e lidar com problemas raciais, enxergar tudo aquilo, passar a prestar atenção e sentir na pele, porque uma vez que você entender que uma situação é machista ou racista, você vai prestar atenção e perceber ela a todo momento a seu redor, e vai te doer duas vezes - disse.
Diego Moraes, que ainda luta por um vaga nas Olimpíadas de 2021 no karatê e é repórter da TV Globo, lembrou de Colin Kaepernick, jogador de futebol americano que liderou uma série de protestos antirracistas em 2016, mas, até hoje, segue sem time nos Estados Unidos:
- Esse é um reflexo que as pessoas não conseguem ainda entender porque os atletas não falam, não se posicionam. Os atletas obviamente têm medo de acontecer o mesmo que aconteceu com o Colin. Lá nos Estados Unidos, que eles estão avançado com relação ao discurso, lá aconteceu que até agora o Colin não tem emprego(...) É muito complicado eu chegar e apontar o dedo para o atleta que não se posiciona, eu como negro, sei que é difícil não se posicionar. Comecei a falar mais abertamente tem uns três ou quatro anos (...) Tive que ter coragem para falar, você tem que ter um apoio atrás de você, e esse apoio não é um negro, porque não tem outro negro com você no ambiente, então por isso que é importante o branco vir junto nessa luta - disse.