Uma mortandade de peixes atingiu a Lagoa de Jacarepaguá nesta sexta-feira e deixou as margens do Parque Olímpico da Barra repletas de tilápias, robalos e tainhas. Uma equipe do Instituto Estadual do Ambiente esteve no local na manhã deste sábado para realizar uma vistoria, mas ainda não teve um diagnóstico. De acordo com o biólogo Mario Moscatelli, a provável causa da mortandade foi a entrada de uma frente fria que mexeu com o fundo dos dois rios que desaguam na lagoa, liberando ácido sulfídrico ou esgoto, e tirando oxigênio dos peixes. Moscatelli avisa que o cenário poderá se repetir em 2016, durante os Jogos.
- É mais uma vez um aviso de que isso poderá ocorrer durante os Jogos Olímpicos. Se não estão preocupados com a natureza, fiquem preocupados pelo menos com a imagem do país, que está bem desgastada - disse.
No Plano de Políticas Públicas dos Jogos Olímpicos está prevista a reabilitação ambiental da Bacia de Jacarepaguá pela prefeitura. A previsão é da "requalificação" de 14 rios da região. Segundo a prefeitura, oito já tiveram obras concluídas, somando 15km de cursos d´água canalizados. De acordo com o biólogo, o projeto foi deixado de lado.
- Era parte que cabia ao município tratar dos rios que trazem esgoto para a lagoa. O projeto inicial seria a instalações de quatro unidades de tratamento dos rios nos quatro principais rios contaminados. O problema é que essa ideia foi abandonada e até hoje não foi apresentada uma solução - disse Moscatelli.
O biólogo se refere a dois rios que desaguam no Parque Olímpico, Arroio Pavuna e Pavuninho, que não estão entre os 14 rios da obra da prefeitura, da qual não constam as UTRs.
Ao mesmo tempo, o governo estadual é responsável pela dragagem da Lagoa de Jacarepaguá, que permitiria a renovação constante das águas em contato com o mar. As obras deveriam ficar prontas antes dos Jogos, haviam sido embargadas pelo Ministério Público Federal no ano passado e liberadas em julho após mudança no projeto. O Estado pretendia criar uma ilha com os resíduos retirados da dragagem, o que o MPF não permitiu. Segundo o órgão não havia garantia de que uma ilha artificial sustentasse construções, como casas ou prédios.
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