Desde que assumiu o poder do São Paulo em 2006 em substituição a Marcelo Portugal Gouvêa, o presidente Juvenal Juvêncio e seus homens de confiança sempre pregaram que o Tricolor era o modelo de administração a ser seguido. Que fugia da mesmice, não se sujeitava às pressões e procurava sempre se antecipar aos rivais. Porém, desde a saída de Muricy Ramalho, os fatos têm mostrado que a história é um pouco diferente.
Tricampeão brasileiro (2006, 2007 e 2008), Muricy foi demitido no dia 19 de junho de 2009, logo após o São Paulo ser eliminado da Taça Libertadores da América pelo Cruzeiro que, curiosamente, era comandado por Adilson Batista, dispensado no último domingo após a derrota por 3 a 0 para o Atlético-GO.
Desde então, quatro treinadores passaram pelo clube nestes 27 meses: Ricardo Gomes, Sérgio Baresi, Paulo César Carpegiani e Adilson Batista. Nenhum deles foi capaz de colocar o time na rota do sucesso novamente. E, de um ano onde sonhou brigar pelo título de campeão brasileiro ou com uma vaga na Taça Libertadores da América de 2012, o Tricolor pode terminar 2011 como figurante. O grande sonho da diretoria, agora, é trazer Luiz Felipe Scolari para a próxima temporada. O treinador está empregado no Palmeiras, mas vive um momento de crise interna no clube.
O que mais chama a atenção nestes treinadores que passaram pelo clube foi a alternância de perfil em cada profissional escolhido. Muricy, explosivo e passional, deu lugar ao ponderado e equilibrado Ricardo Gomes, que levou o time até a semifinal da Taça Libertadores da América. A derrota para o Inter e as críticas da torcida fizeram a diretoria não renovar o contrato do treinador que, após ficar um tempo parado, assumiu o Vasco, foi campeão da Copa do Brasil e hoje se recupera de um AVC. Porém, a equipe da Colina segue firme na briga pelo título do Brasileirão.
Sem Ricardo Gomes e com dificuldade para achar um nome de consenso, a estratégia decidida por Juvenal Juvêncio foi promover o treinador da base, Sérgio Baresi. Garotos das categorias inferiores subiram mas, dentro de campo, o resultado não foi o esperado. Resultado: após 14 partidas, nova troca no comando. E Paulo César Carepgiani, que já havia tido uma fraca passagem em 1999, foi novamente contratado. Ele não conseguiu fazer o time reagir e, após sete temporadas seguidas, o São Paulo terminou o ano fora da zona da Taça Libertadores da América.
Veio 2011 e o principal projeto da equipe, a Copa do Brasil, naufragou nas mãos do gaúcho que, após a eliminação para o Avaí, entrou em rota de colisão com Rivaldo, um dos reforços contratados para a temporada. Sua demissão chegou a ser anunciada pelo então vice-presidente de futebol, Carlos Augusto de Barros e Silva, mas o presidente Juvenal Juvêncio, sem opções no mercado, voltou atrás e segurou o comandante, que seria dispensado após uma derrota para o Flamengo por 1 a 0, pelo Campeonato Brasileiro.
Para colocar a casa em ordem, nova aposta: Adilson Batista, que chegou na alça de mira da torcida. Com três trabalhos em menos de um ano em Corinthians, Santos e Atlético-PR, o treinador jamais conseguiu dar padrão de jogo ao time e foi demitido após a derrota por 3 a 0 para o Atlético-GO.
Questionado sobre a razão de tantos técnicos em pouco tempo, o diretor de futebol, Adalberto Baptista, disse que no futebol somente os resultados são capazes de garantir a continuidade de um trabalho.
- O Adilson é um cara honesto, sério e trabalhador. Mas os resultados não vieram como esperávamos. O futebol é diferente de uma empresa. Numa empresa, você investe em uma máquina e sabe que ela vai te dar o retorno esperado. No futebol, nem sempre isso acontece. Quando você conquista quatro pontos em seis partidas, é sinal de que as coisas não estão funcionando ? ressaltou o dirigente.
A verdade é que, a oito rodadas do fim do Campeonato Brasileiro, o São Paulo está perdido, sem saber para que lado correr. Nenhum treinador de nome está desempregado. Apesar de o grande sonho para 2012 ser Luiz Felipe Scolari, por enquanto, o auxiliar técnico Milton Cruz vai quebrar o galho. Ninguém é capaz, porém, de garantir o que vai acontecer em caso de novo tropeço.