Há 50 anos atrás, os torcedores que estavam no Maracanã e por todo o Brasil diante das telas de TV, testemunharam uma das marcas mais históricas de um acumulador de marcas históricas. Naquela noite, contra o Vasco, Pelé, o maior jogador de todos os tempos, marcava o seu milésimo gol como profissional. Viriam outros 281 até o final da carreira, em 1977, mas aquele, comemorado com um beijo na bola e uma posterior dedicatória “às crianças”, entrou para o rol dos momentos mais importantes da história do esporte. As informações são do Correio do Povo.
Naquele 19 de novembro de 1969, centenas de torcedores começaram a se aglomerar na porta no hotel Novo Mundo, na praia do Flamengo, desde as primeiras horas da manhã. Era lá que Pelé estava hospedado com a delegação do Santos. O Rei concedeu entrevistas para jornalistas estrangeiros que vieram ao Brasil para acompanhar a façanha monstruosa.
A expectativa era tanta que emissoras de TV fizeram a transmissão da partida mesmo diante de uma proibição imposta pela CBD, a Confederação Brasileira de Desportos, atual CBF. Choveu muito no Rio naquela noite, mas a tempestade não impediu que 65.157 pessoas fossem ao Maracanã. O jogo foi uma festa do começo ao fim. Antes do apito inicial, um dos vestiários do Maracanã recebeu uma placa e o nome de Pelé, em homenagem ao golaço marcado pelo Rei contra o Fluminense em 1963 – o lance, inclusive, deu origem à expressão “gol de placa”. Uma das cabines de transmissão, aliás, também passou a ter o nome do craque.
O tão esperado gol demorou para sair e veio apenas no segundo tempo, mais precisamente às 23h17min. Pelé correu para receber passe em profundidade de Clodoaldo e foi derrubado dentro da área. Pênalti. Aos 34 minutos da etapa final, então, com um chute preciso no canto, Pelé venceu o goleiro Andrada e alcançou o milésimo gol.
Cercado por repórteres e fotógrafos, o craque buscou a bola nas redes. Beijou-a e depois, emocionado, desejou que todos pensassem nas crianças pobres. “Elas precisam ser protegidas. Pelo amor de Deus, não pensem só em festas. Pensem nas crianças”, pediu. O gol entrou para a história. O pedido ficou no tempo.