O meia paraguaio Damián Bobadilla, do São Paulo, pode ser suspenso por até quatro meses pela Conmebol após ser acusado de xenofobia durante a vitória do Tricolor sobre o Talleres, no Morumbis, pela fase de grupos da Libertadores. O caso foi denunciado pelo lateral venezuelano Miguel Navarro, que afirmou ter sido chamado de “venezuelano morto de fome” pelo jogador são-paulino durante o segundo tempo da partida.
A acusação foi registrada no Jecrim (Juizado Especial Criminal), onde Navarro prestou depoimento ainda no estádio, em meio à comoção — o jogador chorou em campo após o suposto insulto. Bobadilla, por sua vez, não foi localizado pela Polícia Militar após o jogo, pois já havia deixado o estádio. Ele deve ser intimado a prestar depoimento nos próximos dias.
Conmebol já puniu caso semelhante
A Conmebol possui precedente recente em casos de xenofobia. Em abril, o uruguaio Pablo Ceppelini, do Alianza Lima, foi suspenso por quatro meses após ter sido acusado de chamar pejorativamente um torcedor do Boca Juniors de “boliviano”, durante a fase preliminar da Libertadores. A entidade aplicou a pena com base no artigo 15.1 do seu Código Disciplinar, que prevê punições para atitudes que “menosprezem, discriminem ou atentem contra a dignidade humana por motivos de cor da pele, raça, religião, origem étnica, gênero ou orientação sexual”.
Como consequência da punição, Ceppelini ficou fora de partidas importantes, incluindo o confronto contra o próprio São Paulo pela fase de grupos.
Declaração de Navarro
Miguel Navarro relatou em entrevista o momento do suposto ataque verbal. Segundo ele, a discussão começou após o segundo gol do São Paulo, quando pediu celeridade ao árbitro para reinício da partida. “E do nada, Bobadilla vem e me diz: ‘Não, vocês sempre tomam tempo’. E eu digo: ‘Que tempo? Vocês estão ganhando’. E aí ele me disse: ‘Venezuelano morto de fome’”, afirmou o jogador.
Navarro lamentou a postura do adversário e relatou ter recebido apoio de companheiros de equipe e até de jogadores do São Paulo, como o zagueiro equatoriano Arboleda. “Me senti muito mal. Até Arboleda ficou do meu lado porque sabia o que Bobadilla tinha dito”, contou.
O lateral também fez um apelo por justiça. “Que isso não continue acontecendo. É a primeira vez que passo por algo assim na minha carreira, e é lamentável.”
O São Paulo ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. A Conmebol deve analisar o episódio nos próximos dias.