Matemático critica “apressadinhos” e ainda vê Corinthians longe da taça12/08/2017 - 08:17O matemático Tristão Garcia estipulou que, ao final do primeiro turno do Campeonato Brasileiro, o Corinthians chegou a 81% de chances de ficar com o título. Também para ele, no entanto, a conta de quem já quer antever quando o campeão nacional será definido não fecha.
“Falta muito campeonato ainda, metade. Há vários apressadinhos por aí. Entendo que o Corinthians é favorito, até porque está fazendo uma campanha extraordinária, absolutamente fora do normal. Só que muita coisa pode mudar em um turno”, alertou Tristão, em conversa por telefone.
Criador do site Infobola, no qual anualmente expõe os seus cálculos para o Campeonato Brasileiro, o matemático está acostumado a ser procurado por quem deseja fazer projeções sobre o torneio. O invicto Corinthians de Fábio Carille, com os seus 47 pontos ganhos em 19 jogos, fez essas consultas serem antecipadas em 2017.
“A campanha do Corinthians é de Campeonato Espanhol, uma competição sem graça, disputada por duas equipes. Isso nunca aconteceu no Brasil. Em condições normais, o Grêmio estaria fazendo uma campanha de campeão, assim como o Santos e o Palmeiras teriam grandes possibilidades. Do Flamengo para baixo…”, comentou Tristão, que é gaúcho e simpatizante do Grêmio.
Com 39 pontos, oito atrás do Corinthians, o Grêmio tem 14% de chances de frustrar o líder na disputa pelo título, segundo o matemático. O Santos soma 35 e fica com apenas 2%, assim como o Palmeiras, que totaliza 32. O Flamengo parou nos 29 e só alcançou 1% porque Tristão Garcia arredondou o seu cálculo.
“O que eu quero dizer é que, se o Grêmio não abandonar o Brasileiro, vai ter campeonato. O Santos também. É um time muito bem comandado pelo Levir Culpi. Ainda há campeonato, sim. As porcentagens são essas hoje. Podem mudar com o passar das rodadas”, reforçou Tristão, embora ressalve que “está tudo muito ligado a fracassos do Corinthians”
.Com raros fracassos em sua ainda curta carreira e ostentando uma sequência de 34 jogos invencibilidade, o técnico Fábio Carille é tão cauteloso quanto Tristão Garcia ao avaliar as possibilidades de conquistar o título brasileiro. O pupilo de Tite sempre fala que o campeonato será decidido nas últimas dez rodadas e imaginou recentemente que seria preciso computar 72 pontos para ser campeão.
“Até hoje, a regra era a dos 76 pontos. Traduzindo, ganhando todas em casa e empatando todas fora, um time se sagrava campeão. Quem criou esse número mágico fui eu. Não falo isso para me gabar, mas para embasar o que estou falando. Hoje, esse Corinthians alterou o padrão, mas não vejo o título sendo conquistado com 90 pontos”, comentou Tristão.
O matemático só não acompanha a empolgação de quem se deslumbra com a invencibilidade corintiana. “Isso é uma bobagem!”, enfatizou. “Desde que a Fifa passou a adotar que uma vitória te dá três pontos, e não dois, não vale a pena pensar em invencibilidade. É algo completamente démodé. Você pode se manter invicto apenas empatando. Aí, cai na tabela. O Grêmio deveria estar torcendo para isso acontecer, pois, mesmo lentamente, estaria mais perto de alcançar o Corinthians”, complementou.
O Grêmio está esperando o Corinthians “despencar”, conforme o técnico Renato Gaúcho disse certa vez – e desculpou-se depois, por considerar o termo exagerado. Com a propriedade de quem acompanha o vice-líder de perto, em Porto Alegre, Tristão dá motivação para quem ainda anseia por uma reviravolta. “O Grêmio sempre briga lá em cima e era até injustiçado. Existia um marketing em cima do Inter, que não chegava, e pouco se falava do Grêmio. Agora, pode, sim, alcançar o Corinthians. Está muito parelho. O diferencial foi o resultado na Arena”, apontou.
Para derrotar o Grêmio por 1 a 0 na capital gaúcha, com gol do meia Jadson, o Corinthians contou com um estilo de jogo admirado pelo ressabiado matemático. “Dá gosto de ver esse Corinthians. É uma escola bem gaúcha, o que me deixa até orgulhoso. O Carille estagiou com dois técnicos gaúchos, o Mano Menezes e o Tite”, enalteceu Tristão, professor da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), antes de repetir a sua lição. “Não seria uma zebra perder o título.”